O Estado de S. Paulo

Sanção americana

Em relatório divulgado ontem, Brasil aparece entre os 12 países que podem receber a sanção mais severa, com tarifa de importação de 53%

- Fernanda Guimarães AGÊNCIAS INTERNACIO­NAIS COM

Governo Trump estuda taxar aço brasileiro

O governo de Donald Trump avalia a imposição de tarifas e cotas para limitar as importaçõe­s de aço e alumínio em nome da “segurança nacional”. A medida pode afetar as exportaçõe­s brasileira­s.

As investigaç­ões começaram no ano passado e, em janeiro, o Departamen­to de Comércio dos Estados Unidos submeteu ao presidente americano as alegações sobre os riscos que essas importaçõe­s representa­m à segurança. No início deste mês, um grupo de mais de 20 siderúrgic­as dos EUA pressionar­am Trump para que medidas fossem tomadas em caráter de urgência. Ontem, o relatório de recomendaç­ão que foi enviado ao presidente foi divulgado.

O Brasil está na lista de 12 países que podem receber a sanção mais severa, com a colocação de uma tarifa de importação de 53%. Outra recomendaç­ão seria uma tarifa global de 24%. Agora, Trump precisa deliberar sobre as propostas. Representa­ntes das siderúrgic­as brasileira­s, como o presidente da Usiminas, Sergio Leite, o presidente do Conselho diretor e o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Alexandre Lyra e Marco Polo de Mello Lopes, respectiva­mente, embarcarão entre os dias 26 e 28 deste mês aos Estados Unidos para tratar de possível aumento da tarifa sobre o aço importado do Brasil.

O presidente executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, afirma que essa segunda missão do setor aos Estados Unidos tem na pauta reuniões na Associação Americana de Minério de Ferro e Aço (AISI, na sigla em inglês) e ainda na Associação Americana do Carvão (ACC). O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviço Marco Jorge, por sua vez, se reunirá com o Secretário de Comércio Americano, Wilbur Ross.

“Nossa expectativ­a é mostrar que o Brasil não faz parte desse problema, mas sim parte da solução. Cerca de 80% da exportação brasileira de aço aos Estados Unidos é de semi-acabados, ou seja, é um material usado pela própria indústria americana, é uma complement­aridade. Não estamos indo para dizer que a medida não deve existir, mas que o Brasil não deve ser incluído”, afirma Mello Lopes. O presidente do IABr diz ainda que o Brasil é importador de carvão e que os EUA é um

dos principais fornecedor­es da matéria-prima ao País.

Donald Trump tem até abril para decidir se e como restringir­á as importaçõe­s sob a seção 232 da legislação comercial de

1962, que dá ao presidente o poder de impor tarifas e cotas se ele considerar que algumas importaçõe­s ameaçam a segurança nacional.

A decisão é relevante para as

siderúrgic­as brasileira­s. Em tempos de mercado doméstico menos aquecido, CSN e Usiminas passaram a destinar parte de seus volumes de produção para exportação, tendo os Estados Unidos como um de seus destinos. A Ternium, que recentemen­te comprou a CSA, vende parte de sua produção de placas para os EUA.

A Gerdau, que possui forte presença nos Estados Unidos, sai beneficiad­a com a medida, se ela for aprovada por Trump. A siderúrgic­a gaúcha vem apontando que as importaçõe­s no país, especialme­nte em aços longos, vem comprimind­o suas margens.

Mercado. As ações da Gerdau ficaram entre as maiores altas do Ibovespa ontem. Segundo analistas, a empresa deve ser beneficiad­a pela possível imposição de tarifas para importação de aço pelo Estados Unidos.

As ações preferenci­ais da Gerdau subiram 6,20%, na máxima do dia, enquanto Metalúrgic­a Gerdau avançou 5,68%.

Em relatório, o BTG Pactual afirma que se confirmada, a medida será positiva para a Gerdau, reforçando o problema das margens. “A companhia opera atualmente 30% abaixo de sua capacidade total de produção, e a margem Ebitda em torno de 5%”, dizem os analistas. Eles lembram que a venda de ativos tem compensado as baixas margens, mas os Estados Unidos ainda são o segundo mercado da companhia. As outras siderúrgic­as fecharam próximas da estabilida­de, com CSN ON ( +0,66%) e Usiminas PNA (-0,08). /

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ENNY CESARE / ESTADAO-10/11/2016 Interesses. Siderúrgic­as americanas voltaram a pressionar o governo no início deste mês

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