Mercado ‘ignora’ anúncio do governo
Ibovespa fecha estável com alta de 0,28%; na semana, índice subiu 4,48%; dólar terminou cotado a R$ 3,2256
O anúncio da intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro teve bem pouco efeito no mercado financeiro. O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa de São Paulo, operou praticamente estável. O indicador encerrou a sessão em alta de 0,28%, aos 84.524,57 mil pontos. Na semana, que para a Bolsa só teve três dias, os ganhos chegaram a 4,48% e, no ano, a 10,63%.
Para analistas, o principal efeito para o mercado da intervenção no Rio, que seria a suspensão da reforma da Previdência, já estava “precificada” pelos investidores – ou seja, ninguém mais apostava que a reforma pudesse realmente ser aprovada este ano. Por isso, a notícia praticamente não foi sentida na Bolsa. Além disso, o bom humor do mercado externo e as boas perspectivas dos investidores com relação ao crescimento global e doméstico limitaram os efeitos do anúncio.
Câmbio. No mercado de câmbio, o dólar terminou o dia cotado a R$ 3,2256, uma queda de 0,12% em relação ao real. Na semana, a moeda americana acumulou um recuo de 2,12%.
Para Hideaki Iha, operador de câmbio da Fair Corretora, apesar do noticiário mais intenso, o anúncio da intervenção não teve grande efeito nas cotações. “A evidência de que o cenário político não chegou a influenciar os negócios foi o desempenho da Bolsa, que não trouxe sobressaltos. É um termômetro que permaneceu tranquilo”, afirmou.
Já para Durval Corrêa, operador da Multimoney, as incertezas em relação à tramitação da reforma da Previdência na próxima semana abriram terreno para alguma especulação. “O mercado não acredita mais em avanço da reforma este mês, mas ainda especula sobre esse assunto.”
Risco país.
O risco Brasil medido pelo Credit Default Swap (CDS), um derivativo que funciona como uma espécie de seguro contra o calote da dívida de um país, caiu abaixo do patamar de 150 pontos ontem, negociado a 148,64 pontos, considerando o contrato de cinco anos. Esse é o menor nível desde o fim de janeiro. Na quinta-feira, o papel fechou em 153,30 pontos, segundo cotações do instituto Markit. Apenas nesta semana, a taxa do contrato despencou 22 pontos.
Na segunda-feira, o CDS de cinco anos do Brasil era negociado a 171 pontos, e fechou a sexta-feira antes do carnaval em 176 pontos.