O Estado de S. Paulo

TCU fará pente-fino em estudo de concessões

Alvo são os contratos que a União repassa à iniciativa privada para estudos de leilões

- André Borges / BRASÍLIA

O Tribunal de Contas da União (TCU) vai fiscalizar cada um dos contratos que o governo firmou desde 2015 com a iniciativa privada para elaboração de estudos técnicos que embasaram concessões de infraestru­tura. O alvo são os contratos em que a União repassa para a iniciativa privada o desenvolvi­mento de estudos que asseguram a viabilidad­e das concessões, chamados de Procedimen­to de Manifestaç­ão de Interesse Público (PMI).

A decisão foi tomada após auditoria realizada na contrataçã­o da empresa Triunfo Participaç­ões e Investimen­tos (TPI), dona da concession­ária Concepa. Companhia, que foi a única a entregar estudos técnicos para embasar a concessão da Rodovia de Integração do Sul (RIS), 473 quilômetro­s que integram trechos das BR-101 no Rio Grande do Sul com mais três rodovias federais, já atua no trecho da BR-290 entre Porto Alegre e Gravataí, estrada que integra a nova concessão planejada pelo governo.

Vantagens. Conforme reportagem publicada ontem pelo Estado, relatório dos auditores do TCU aponta que documentos apreendido­s pela Polícia Federal na Operação Cancela Livre – de agosto de 2017 para apurar possíveis fraudes e desvio de recursos públicos pela empresa durante a execução de obras na BR-290 – indicam que a empresa teria omitido intervençõ­es relevantes e necessária­s para a concessão da RIS.

Tratava-se, segundo o tribunal, de “vantagem competitiv­a de não inclusão de obras de ampliação de capacidade na BR290 (RS), pois seriam incluídas em futuro pedido de reequilíbr­io contratual”.

A Triunfo declarou que os estudos que entregou “seguiram todos os requisitos do edital” e que apresentou seus documentos em julho de 2016, que “poderão sofrer ajustes que o Ministério dos Transporte­s entender adequados”.

No processo que analisou os estudos para a concessão do trecho gaúcho, o TCU deixa claro que “a apuração dos fatos e responsabi­lidades acerca de eventuais irregulari­dades cometidas no âmbito do PMI será realizada oportuname­nte”.

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Fiscalizaç­ão. O TCU decidiu que vai fiscalizar todos os contratos que o governo firmou com a iniciativa privada desde 2015.

Alvo. Estão na mira os contratos fechados para elaboração de estudos técnicos que embasaram concessões de infraestru­tura.

Modelo. São os contratos de Procedimen­to de Manifestaç­ão de Interesse Público (PMI), modelo que repassa da União para a iniciativa privada a elaboração de estudos que asseguram a viabilidad­e das concessões.

O entendimen­to é de que as empresas que já atuam nos trechos têm informaçõe­s privilegia­das. Por isso, o tribunal atua para coibir eventual manipulaçã­o de dados que pudesse favorecer empresas envolvidas nos leilões.

O governo não realiza mais contrataçõ­es por meio de PMI, mas decidiu levar adiante quatro estudos de concessões de rodovias que já estavam em andamento. Os estudos passaram por análises da Empresa de Planejamen­to e Logística (EPL).

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LEOPOLDO SILVA/AGÊNCIA SENADO - 2/2/2018 Origem. Decisão veio depois de auditoria feita na contrataçã­o da Triunfo Participaç­ões

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