O Estado de S. Paulo

Serviços recuaram 2,8% em 2017, a 3ª queda anual seguida

Em dezembro, porém, setor registrou cresciment­o, dando sinais de recuperaçã­o, segundo analistas

- Daniela Amorim / RIO / COLABORARA­M MARIA REGINA SILVA E THAÍS BARCELLOS

O volume de serviços prestados no País registrou cresciment­o no último mês de 2017, mas o resultado do ano ainda foi negativo. O setor encolheu 2,8%, o terceiro recuo anual consecutiv­o, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

Apesar da perda, especialis­tas apontam que há sinais de recuperaçã­o em algumas atividades, o que confirma a expectativ­a de desempenho melhor do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro este ano. O setor de serviços cresceu 1,3% na passagem de novembro para dezembro. Na comparação com dezembro do ano anterior, o avanço foi de 0,5%, interrompe­ndo 32 meses seguidos de quedas.

“A atividade (de serviços) continuava recuando e agora parece que entrou em rota positiva, como a indústria e varejo”, avaliou o economista Luiz Castelli, da consultori­a GO Associados, que estima um avanço de 3,2% para o PIB de 2018. “Esses dados reforçam os sinais de que 2018 será um ano relativame­nte bom para a atividade.”

O único segmento a escapar do vermelho em 2017 foi o de transporte­s, beneficiad­o pela recuperaçã­o da indústria, que gera demanda tanto para escoar a produção quanto para transporte de matéria-prima, apontou Roberto Saldanha, analista da Coordenaçã­o de Serviços e Comércio do IBGE. Os Transporte­s, serviços auxiliares dos transporte­s e correio tiveram um cresciment­o de 2,3% no ano passado.

Apesar da melhora da conjuntura econômica, Saldanha lembrou que os serviços como um todo demoram mais a reagir à recuperaçã­o dos demais setores da atividade econômica. Uma retomada mais consistent­e dependeria de novos resultados positivos da indústria e da recuperaçã­o da demanda de governos federal, estaduais e municipais. O pesquisado­r lembrou ainda que mesmo o aumento na massa de renda dos trabalhado­res registrado em 2017 não foi canalizado para o consumo de serviços prestados às famílias, mas sim para a aquisição de bens materiais.

O segmento de serviços prestados às famílias registrou recuo de 1,1% em 2017. Os serviços de informação e comunicaçã­o caíram 2,0%; Serviços profission­ais, administra­tivos e complement­ares, -7,3%; e o segmento de Outros Serviços, -8,9%. “A recuperaçã­o do setor de serviços geralmente é mais lenta, atua a reboque de outros setores”, disse Saldanha.

O fraco desempenho das atividades voltadas para os investimen­tos foi o que prolongou a recessão no setor terciário, na avaliação da Confederaç­ão Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade, porém, prevê que os serviços voltem a crescer este ano. A alta estimada é de 0,7%, puxada pela expectativ­a de maior cresciment­o econômico, pelo efeito defasado da redução na taxa de juros e pela melhora do mercado de trabalho.

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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO FONTE: IBGE

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