O Estado de S. Paulo

Walmart pode virar sócia de rival da Amazon na Índia.

Varejista negocia compra de fatia de 40% da Flipkart, líder indiana de e-commerce; operação é reação a investida da Amazon no país

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A rede varejista americana Walmart está negociando a compra de uma fatia de 40% das ações do grupo indiano de comércio eletrônico Flipkart, segundo fontes familiariz­adas com o assunto ouvidas pela agência de notícias Reuters. Caso a negociação seja concretiza­da, será uma das maiores operações já feitas pelo Walmart fora dos Estados Unidos.

Segundo as fontes, as negociaçõe­s estão avançadas e devem incluir tanto a compra de ações da Flipkart quanto de uma oferta secundária. O processo de auditoria financeira da empresa indiana deve começar na próxima semana. Um portavoz da Flipkart disse que a companhia não comenta rumores, enquanto um representa­nte do Walmart na Índia não quis se posicionar sobre o tema.

Os termos da negociação entre as duas empresas não foram divulgados. Em sua última rodada de investimen­tos, capitanead­a pelo fundo Vision, do grupo japonês SoftBank, a Flipkart foi avaliada em US$ 12 bilhões.

A empresa foi fundada por dois ex-funcionári­os da Amazon

Satish Meena

no país, Sachin Bansal e Binny Bansal, em 2007.

Assim como a americana, a Flipkart começou vendendo livros, mas diversific­ou rapidament­e seu portfólio, tornandose uma das principais responsáve­is pela populariza­ção dos smartphone­s na Índia. Entre seus investidor­es estão a Microsoft, o eBay, a chinesa Tencent Holdings e o fundo de hedge americano Tiger Global Management.

Um acordo com o Walmart daria a Flipkart a tão necessária força contra a Amazon, que se compromete­u a investir US$ 5 bilhões na Índia nos próximos anos, à medida que expande agressivam­ente suas operações, incluindo entregas de alimentos e bebidas.

Hoje, a Flipkart controla cerca de 40% do mercado de varejo online da Índia, segundo dados da consultori­a Forrester. Além de seu próprio site, a empresa também possui dois endereços de vendas de roupas, Myntra e Jabong.

A Flipkart entrou ainda na área de alimentos recentemen­te. “A experiênci­a do Walmart como supermerca­do pode ajudar a Flipkart a se manter na frente no mercado indiano”, disse Satish Meena, analista sênior da Forrester.

Competição global. Para o Walmart, um acordo com a Flipkart abriria uma nova frente nos esforços para competir com a Amazon, dando à varejista acesso a um mercado de comércio eletrônico que deve valer US$ 200 bilhões em 2025, segundo estimativa do banco Morgan Stanley.

A Flipkart, porém, não é a primeira investida recente do Walmart no setor. No ano passado, a varejista adquiriu startups como o site de venda de passagens aéreas Jet.com, por cerca de US$ 3 bilhões. Além disso, em janeiro, o Walmart também divulgou uma parceria com a japonesa Rakuten para fazer entregas de compras de supermerca­do. “Por maior que seja, a Amazon consumiu parte significat­iva das receitas e eu acho que eles veem a Índia como o maior mercado possivelme­nte para isso (combater a Amazon)”, disse uma das fontes.

Por anos, o Walmart tentou entrar na Índia, mas permaneceu confinado ao segmento de atacado de autosservi­ço em meio às duras restrições ao investimen­to estrangeir­o no país asiático. Atualmente, o Walmart opera 21 lojas do tipo na Índia.

“A experiênci­a do Walmart com supermerca­do pode ajudar a Flipkart a se manter à frente do mercado indiano.”

ANALISTA DA CONSULTORI­A FORRESTER

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ABHISHEK CHINNAPPA/REUTERS Origem. Flipkart foi fundada por Sachin e Binny Bansal, dois ex-funcionári­os da Amazon
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