O Estado de S. Paulo

Em alerta, Rio tem motim com reféns em cadeia

Sistema prisional estava em estado de alerta; mais cedo, governo disse que havia adotado ‘medidas de controle’

- Marcio Dolzan Fernanda Nunes Vinicius Neder / RIO

Após o Rio de Janeiro antecipar “medidas de controle” em cadeias por temor de reação à intervençã­o federal, detentos da prisão de Japeri, na Baixada Fluminense, fizeram ontem motim com reféns. Para votar o decreto da intervençã­o, a base governista pediu que parlamenta­res voltem hoje a Brasília.

Dois dias após a decretação da intervençã­o federal na área de Segurança Pública no Rio, detentos se amotinaram na Penitenciá­ria Milton Dias Moreira, em Japeri, na Baixada Fluminense. Segundo a Secretaria de Administra­ção Penitenciá­ria (Seap), até as 23h30 horas, três presos haviam sido retirados feridos e dez reféns, liberados – não se sabia quantas pessoas estavam sob domínio dos presos.

Ao longo do dia, o sistema prisional ficou em alerta. Mais cedo, a pasta havia informado que “medidas de controle” haviam sido antecipada­s nas penitenciá­rias após a intervençã­o federal. Conforme a Seap, a rebelião começou após inspetores de segurança e administra­ção penitenciá­ria frustrarem à tarde uma tentativa de fuga.

O Grupamento de Intervençã­o Tática (GIT) da Seap foi enviado ao local, assim como o Batalhão de Choque e diversas unidades da Polícia Militar (PM).

Antes de estourar a rebelião, a Seap havia explicado que “medidas de controle” haviam sido antecipada­s “na intenção de evitar qualquer reação da população carcerária” à intervençã­o. Questionad­a, a assessoria de imprensa da Seap não explicou quais seriam essas ações. O secretário de Administra­ção Penitenciá­ria, David Anthony Gonçalves Alves, assumiu a pasta em 24 de janeiro, após a exoneração do coronel Erir Ribeiro, acusado de conceder regalias ao ex-governador Rio Sergio Cabral, preso em Benfica.

A intervençã­o federal no Rio abrange o sistema prisional, mas, ontem, o Comando Militar do Leste informou que as Forças Armadas só começarão suas ações após o decreto do presidente Michel Temer ser aprovado no Congresso, o que pode ocorrer ainda hoje.

Sem tropas. Ao longo do dia, tropas das Forças Armadas não foram vistas fazendo patrulha nas ruas. O policiamen­to regular, porém, parecia mais reforçado do que no período do carnaval. Segundo a assessoria de imprensa da PM, o policiamen­to do fim de semana teve 5.757 agentes como reforço. A operação já estaria prevista por causa dos desfiles de blocos.

De acordo com o aplicativo Onde Tem Tiroteio (OTT), que se dedica a fazer um mapeamento das trocas de tiro na região metropolit­ana do Rio, as ocorrência­s se mantiveram ontem em nível parecido com os dos últimos fins de semana. Até as 20h10 de ontem, 21 tiroteios foram mapeados pelo OTT no fim de semana. Além disso, foram registrado­s sete arrastões.

Segundo o OTT, o primeiro fim de semana do mês foi o mais violento, com 23 tiroteios. Na semana passada, em meio ao carnaval, foram 18 casos. Nos dois primeiros fins de semana houve quatro arrastões cada um. Ontem, três pessoas ficaram feridas e duas morreram em uma tentativa de assalto em Bangu.

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