O Estado de S. Paulo

Queda da taxa de juros beneficia outras corretoras independen­tes

Easynvest e Genial Investimen­tos também apostam em cresciment­o rápido nos próximos anos

- L.D.

A taxa real de juros (descontada a inflação) de 2018 em um patamar inferior ao de 2017 deverá ser uma alavanca não só para a XP Investimen­tos, mas para outras corretoras independen­tes, que também tem registrado cresciment­o acelerado nos últimos anos. A aposta é que o brasileiro finalmente tome mais risco na tentativa de conseguir um rendimento maior. Para isso, ele poderá retirar seu dinheiro da poupança e colocá-lo em aplicações menos conservado­ras, muitas vezes por meio das corretoras. “Sob o ponto de vista dos juros, o momento é muito bom. A queda da Selic gera desconfort­o para grande parte da população, acostumada a investir em renda fixa com retorno de 1% ao mês”, afirma Evandro Pereira, presidente da Genial Investimen­tos.

Segundo Pereira, as corretoras independen­tes não padeceram com a recessão nos últimos anos e devem continuar avançando rapidament­e porque têm ganhado clientes que deixam os bancos, insatisfei­tos com serviços e taxas de corretagem mais altas. “Esse segmento (das corretoras) não cresce de forma correlacio­nada ao PIB, porque o que ocorre é uma redistribu­ição de ativos que estão nos bancos”, acrescenta Pereira. A Genial avançou 20% no ano passado. Hoje tem R$ 20 bilhões sob custódia e 70 mil clientes ativos.

A Easynvest, que também atua no setor, registrou um aumento de 85% no número de Marcio Cardoso clientes no ano passado e hoje detém R$ 14 bilhões sob custódia. “Este ano devemos crescer ainda mais. A taxa de juros baixa faz com que o investidor queira diversific­ar”, afirma Marcio Cardoso, sócio-fundador da Easynvest. “E o brasileiro ainda está aprendendo a investir. Esse trabalho (de educação financeira) é lento”, acrescenta.

Apesar de analistas do mercado considerar­em que a concorrênc­ia entre as próprias corretoras passou a ser um desafio para elas, Cardoso afirma que a intenção ainda é brigar pelo cliente dos grandes bancos – os atuais donos do mercado. “Não vejo lógica em competição entre corretoras”, diz. “Nós trabalhamo­s para entregar um investimen­to melhor ao cliente. Os bancos estão criando instrument­os como os nossos, mas não têm capacidade como os distribuid­ores para fornecer rentabilid­ade melhor.”/

“Este ano devemos crescer mais. A taxa de juros baixa faz com que o investidor queira diversific­ar.”

SÓCIO-FUNDADOR DA EASYNVEST

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