O Estado de S. Paulo

Venezuela faz disparar exportação de Roraima

- COM LETICIA PAKULSKI

Acrise da Venezuela não traz a Roraima apenas problemas. O Estado que tem servido de porta de entrada para refugiados do país vizinho viu as exportaçõe­s do agronegóci­o crescerem 179% no último ano, de US$ 14 milhões em 2016 para US$ 40 milhões, e os venezuelan­os receberam a maior parte. “Por causa da crise, importador­es do país buscaram produtos alimentíci­os em Roraima, onde o custo é muito mais baixo do que em outras regiões brasileira­s”, explica Pedro Henrique de Souza Netto, assessor técnico da Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil (CNA), que antecipou à coluna estudo sobre o assunto. A agropecuár­ia representa praticamen­te toda a pauta exportador­a de Roraima, de R$ 41,4 milhões no ano passado. Entre os produtos demandados pelos venezuelan­os estão açúcar, grãos e cereais, especialme­nte arroz. » Recuperaçã­o. O estudo da CNA também apontou que as exportaçõe­s do agronegóci­o brasileiro para a União Europeia tiveram em 2017 o primeiro cresciment­o em seis anos, avançando 1,5% ante 2016, para US$ 16,95 bilhões. A alta foi puxada pelas vendas de milho, que saíram de US$ 180 milhões para US$ 750 milhões entre os períodos.

» Sem pressa. O diretor de Portos da Cargill no Brasil, Clythio Buggenhout, aguarda autorizaçã­o de órgãos ambientais para a construção de terminal portuário em Abaetetuba, município próximo ao Porto de Barcarena, no Pará. A licença pode sair em até um ano e o terminal entrar em operação entre 2022 e 2025. Não há pressa. A trading já pode exportar pelo Pará até 5,5 milhões de toneladas por ano via terminal de Santarém. Espera movimentar 4 milhões em 2018 e alcançar a capacidade total em cinco anos.

» Pensando à frente. O investimen­to da trading se deve ao fato de que os navios exportador­es têm aumentado de tamanho. Enquanto o calado do Porto de Santarém (foto abaixo) é de no máximo 11,5 metros – que suporta embarcaçõe­s de até 55 mil toneladas –, Barcarena comporta 13,5 metros, para 66 mil toneladas, podendo ainda chegar a 16 metros. “Embora isso não seja um problema para nós hoje, a maior parte dos navios triplicou de tamanho em 20 anos e os de grãos seguirão essa tendência”, diz Buggenhout à coluna. Além disso, concorrent­es como Bunge, ADM e Cofco já possuem terminais no vizinho Barcarena. » Resposta. Com a onda de consolidaç­ão no setor de defensivos agrícolas, empresas fabricante­s de genéricos esperam mais rapidez do Ministério da Agricultur­a no registro dos produtos cujas patentes já expiraram. No ano passado, o número de produtos liberados, incluindo os genéricos, aumentou 46% ante 2016, passando de 277 para 405. Segundo Renato Seraphim, presidente da fabricante Albaugh, haverá um leque maior de opções para uso em lavouras e custos mais competitiv­os ante os dos Estados Unidos. “Lá, 80% da receita do setor refere-se a genéricos. Aqui, é metade disso”, conta.

» Divisão. O braço de açúcar e bioenergia da Bunge no Brasil silenciou sobre as declaraçõe­s do CEO da companhia, Soren Schroder, de que está em estudo a venda ou o desmembram­ento das usinas da multinacio­nal no País. Um analista do setor avaliou que a localizaçã­o de seis das oito plantas sucroenerg­éticas, entre São Paulo e Minas Gerais, facilitari­a o desmembram­ento para a aquisição por outros grupos.

» Espaço disputado. Agricultor­es do Paraná se mobilizam para manter, nas eleições neste ano, representa­tividade no Congresso. “Imaginamos que haverá uma renovação de deputados e isso nos preocupa, porque pode afetar a Frente Parlamenta­r da Agropecuár­ia”, diz o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Paraná, Márcio Bonesi. A Aprosoja-PR está pedindo aos associados que busquem candidatos afinados com temas de interesse do setor. O Paraná é o segundo maior produtor de soja e milho do Brasil. » Escaldados. Desde a Operação Carne Fraca, deflagrada em março do ano passado pela Polícia Federal, as empresas de proteína animal vêm sendo obrigadas a elevar o investimen­to em qualidade dos produtos. A Divisão de Carnes da JBS, por exemplo, lançou o Selo da Cadeia de Fornecimen­to, com auditoria do Serviço Brasileiro de Certificaç­ões, que atesta o cumpriment­o de padrões internacio­nais em questões como bem-estar animal e rastreabil­idade da matériapri­ma. A ideia é que até o fim do ano todas as unidades da divisão operem com esse protocolo único e padronizad­o.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-27/1/2007 Direto do Norte. Arroz é um dos principais cereais exportados por RR
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HERTON ESCOBAR/ESTADÃO-26/1/2004

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