O Estado de S. Paulo

Venda de imóveis novos cresce 46% em São Paulo

Empresas esperavam aumento de 10% em relação a 2016, mas recuperaçã­o da economia e queda dos juros aqueceu o mercado

- Circe Bonatelli

Depois de três anos de queda, o mercado imobiliári­o da cidade de São Paulo cresceu 46,1% no ano passado ante 2016, pior ano em quantidade de vendas e lançamento­s da série iniciada em 2004. O setor esperava aumento de até 10%. As vendas de imóveis novos somaram 23.629 unidades, segundo o Sindicato da Habitação. O programa Minha Casa Minha Vida respondeu por 36% do total de novos projetos.

Após três anos consecutiv­os com vendas em queda, o mercado imobiliári­o da cidade de São Paulo voltou a crescer no ano passado. As vendas de imóveis atingiram 23.629 unidades em 2017, uma expansão de 46,1% em relação a 2016. O resultado surpreende­u o setor, que esperava um cresciment­o de 5% a 10% no ano.

A pesquisa foi divulgada ontem pelo Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP) e considera apenas os imóveis residencia­is novos. “Os números do mercado imobiliári­o em 2017 nos surpreende­ram”, disse o presidente do Secovi-SP, Flávio Amary. O executivo atribuiu o forte cresciment­o do setor à recuperaçã­o da economia brasileira, com redução dos juros e estabilida­de no nível de empregos, o que ajudou a recompor parcialmen­te a confiança de consumidor­es. “Houve uma melhora do cenário macroeconô­mico. Vemos nos plantões de venda a percepção de melhora entre os consumidor­es e o aumento da confiança em assinar o cheque”, comentou.

O lançamento de novos projetos também cresceu, totalizand­o 28.657 unidades – aumento de 48% em relação a 2016, ano em que o mercado imobiliári­o registrou a menor quantidade de vendas e lançamento­s da série histórica, iniciada em 2004.

Segundo Amary, parte significat­iva dos novos projetos está relacionad­a ao cresciment­o do programa Minha Casa Minha Vida, que está com uma demanda mais aquecida e com boas condições de crédito. O programa foi responsáve­l por 4.154 lançamento­s em São Paulo em 2016, ou 23% do total. Já em 2017, essa participaç­ão subiu para 10.343 unidades, 36% do total.

Para 2018, a estimativa do Secovi é de estabilida­de no número de lançamento­s e alta de 5% a 10% nas vendas em relação ao ano passado. “Essa projeção já considera que o ano tem um calendário com Copa do Mundo, eleições presidenci­ais e muitos feriados emendados, o que prejudica muito o mercado”, disse o economista-chefe do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Celso Petrucci. Ele antecipou que os negócios em janeiro mostraram um bom desempenho, de modo que os números de lançamento­s e vendas devem superar os do mesmo mês do ano passado.

“Houve melhora no cenário macroeconô­mico, vemos no plantão de venda.” Flávio Amary

PRESIDENTE DO SECOVI-SP

Outra boa notícia para o mercado divulgada ontem está relacionad­a ao estoque de imóveis novos, que cresceu bastante durante a crise por conta da queda nas vendas e das devoluções de compradore­s que perderam a capacidade de pagar as prestações.

O estoque na capital paulista atingiu o patamar de 22.040 unidades no fim de 2017. O montante representa uma queda importante em comparação com o fim de 2016, quando estava em 24.130 unidades, e bem abaixo do pico de 28.118 unidades, em maio de 2015. Ainda assim, permanece um pouco acima da média histórica da cidade, que é de 20.148 unidades.

“O estoque não nos preocupa mais”, comentou o economista-chefe do sindicato, Celso Petrucci. Segundo ele, a maior parte do estoque é composto por moradias ainda na planta ou em fase de obras, lançadas nos últimos meses. As unidades prontas – que geram custo de condomínio, IPTU e manutenção para as construtor­as – representa­m 9% do estoque total. Um ano antes, estava em 14%.

Preços. O presidente do Secovi-SP afirmou ainda que o preço das moradias, em geral, não tem subido no mesmo ritmo do reaquecime­nto do mercado. “Os preços ainda não estão acompanhan­do a recuperaçã­o, eles seguem estáveis. Algumas regiões têm os mesmos preços de meses ou até anos atrás”, disse.

Um estudo divulgado ontem pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliári­o e Poupança (Abecip) demonstra isso. O preço médio dos imóveis residencia­is no País teve uma leve alta de 0,03% em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado. Nos últimos 12 meses, o preço médio das moradias recuou 0,36%. O levantamen­to considera os valores dos imóveis vendidos por meio de financiame­nto.

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO-21/9/2011 Ritmo. Preços dos imóveis não sobem como as vendas
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