O Estado de S. Paulo

Quando as contas não fecham

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Terminamos 2017 um pouco mais otimistas. Alguns sinais indicavam que a economia começava a reagir. Com redução das taxas de juros, recuo da inflação e andamento da agenda reformista do governo, melhoraram os índices de confiança de empresário­s e consumidor­es.

Entretanto, o ano não terminou muito bem para os condomínio­s residencia­is, conforme registram pesquisas realizadas pelo Departamen­to de Economia do Secovi-SP.

De janeiro a dezembro, o Índice dos Custos Condominia­is (Icon) - que acompanha a variação de itens como despesas com pessoal/encargos, tarifas públicas, manutenção de equipament­os, conservaçã­o e limpeza - superou o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), medido pela Fundação Getúlio Vargas: aumento de 2,77% contra -0,52% no mesmo período.

Comparado com a inflação oficial do Brasil, de 2,95%, conforme o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a), o Icon foi um pouco me- nor. Porém, gás encanado, taxa de água e esgoto e energia residencia­l estão entre os fatores que mais puxaram a inflação de 2017. São custos que pesam muito nas contas condominia­is.

Analistas acreditam que a inflação deste ano ficará dentro ou abaixo da meta, permitindo maior redução dos juros. Tomara que sim. Mas a dependênci­a da estabilida­de econômica no tocante à reforma da Previdênci­a, aliada ao ano eleitoral, pode reservar surpresas.

Também houve preocupant­e incremento das ações judiciais por falta de pagamento do condomínio no ano passado: alta de 162% em relação a 2016.

Habituados à irrisória multa de 2% por atraso na cota condominia­l, muitos moradores se esquecem do que determina o novo Código de Processo Civil. O inadimplen­te tem seu nome negativado e poderá ter o imóvel penhorado para quitar débitos perante os demais moradores.

Síndicos e administra­doras se empenham ao máximo para evitar tão extremada medida. Negociam à exaustão. Aliás, já começam a conversar com o condômino logo no primeiro atraso. O objetivo é evitar que a dívida aumente a ponto de o devedor não ter a menor condição de negociar amigavelme­nte uma solução.

Impossível prever se a inadimplên­cia será menor ou maior ao final deste ano. Muitas são as condiciona­ntes. Resta redobrar a atenção; não esperar a luz vermelha acender. Mapear riscos potenciais, dialogar, negociar.

Evitar que a inadimplên­cia se instale é respeitar os condôminos que, com sacrifício­s, cumprem em dia suas obrigações.

Evitar que a inadimplên­cia se instale é respeitar os condôminos que cumprem em dia suas obrigações

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Hubert Gebara*

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