O Estado de S. Paulo

Primavera Literária para além de Paris

Festival criado por professor da Sorbonne se amplia e leva mais de 40 autores para debates na Europa e EUA

- Maria Fernanda Rodrigues

Tudo começou em Paris, em 2013, com 10 escritores. Idealizada por Leonardo Tonus, professor de literatura brasileira na Sorbonne, a Semana Brasil se transformo­u na Primavera Literária Brasileira no ano seguinte e, edição após edição, ela só cresce. Em 2016, por exemplo, ela se expandiu para a Alemanha e Holanda. Depois, Bélgica.

Este ano, entre 14 de março e 10 de maio, mais de 40 convidados se revezarão por universida­des, escolas, livrarias e instituiçõ­es culturais da França, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha e Estados Unidos em debates, saraus, leituras, lançamento­s e oficinas.

Muitos dos que vão à Primavera Literária já foram lidos pelos alunos. É o caso de Julián Fuks que, segundo Tonus, era o autor dos sonhos de seus alunos do mestrado. Vencedor do Prêmio José Saramago e do Jabuti, ele participa de um debate com Conceição Evaristo na Sorbonne e autografa a edição francesa de seu livro A Resistênci­a, Ni Partir, Ni Rester (Grasset), no Salão do Livro de Paris.

Convidado da Primavera Literária no ano passado, Henrique Rodrigues volta ao evento este ano e lança Au Suivant (Anacaona), versão de seu romance O Próximo da Fila, também no Salão e na Sorbonne. O tour de lançamento inclui ainda Rennes e Clermont-Ferrand – o livro, em português mesmo, já está sendo lido por alunos da graduação da Universida­de Clermont Auvergne (uma curiosidad­e: um dos alunos, assim como o autor, no passado, e seu protagonis­ta, trabalha no Mc Donald’s). Rodrigues, que faz ainda uma parada em Bruxelas, volta à França em junho, para falar sobre o livro no Festival de Toulouse.

A lista de convidados da Primavera é ampla e diversa, abarca todos os gêneros literários e mistura autores já consagrado­s com novas apostas – e inclui pela primeira vez escritores portuguese­s, como Dulce Maria Cardoso, Almeida Faria e a revelação Gonçalo Naves, de 20 anos. “Os critérios são decididos com os alunos em conjunto com o comitê organizado­r das universida­des e instituiçõ­es culturais. E o primeiro deles é uma tentativa de paridade no que diz respeito a gênero, diversidad­e editorial e representa­ção etnocultur­al”, explica Tonus. Autores de literatura infantil e juvenil, como Ciça Fittipaldi e Lúcia Hiratsuka, e de não ficção, como Márcia Tiburi, também estão na programaçã­o.

Adelaide Ivánova, Adriana Lisboa, Alexandre Vidal Porto, Adriana Calcanhott­o, Allan da Rosa, Carola Saavedra, Maurício de Almeida, Rodrigo Ciríaco, Simone Paulino, Cíntia Moscovich, José Luiz Passos, Lucrécia Zappi, Luli Penna e Natália Borges Polesso estão entre os convidados, adianta Tonus que, além de ser o idealizado­r e um dos organizado­res, se prepara para lançar seu primeiro livro de poemas. Agora Vai Ser Assim (Nós) traz textos que refletem algumas questões que mobilizam as pesquisas do professor: a situação dos refugiados.

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JF DIORIO/ESTADÃO Fuks. Debate e lançamento

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