O Estado de S. Paulo

Sem reforma, governo terá de cortar R$ 14 bi no próximo ano

Valor era a economia prevista com alteração nas regras da Previdênci­a; programas serão revistos no Orçamento

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA

O governo terá de cortar R$ 14 bilhões do Orçamento de 2019 sem a aprovação da reforma da Previdênci­a. Essa era a economia prevista para o ano que vem com as mudanças nas regras da aposentado­ria, de acordo com o ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira. A equipe econômica agora vai revisar políticas públicas e programas, para saber onde enxugar. Segundo o ministro, o trabalho do Comitê de Monitorame­nto e Avaliação de Políticas Públicas, que vem fazendo análises do tipo, será ampliado. O grupo já conseguiu reduzir gastos bilionário­s com a revisão do auxílio-doença, do Fies e do seguro-defeso – e ainda analisa o BPC, benefício pago a idosos e pessoas com deficiênci­a de baixa renda, e o Bolsa Família. Oliveira disse ainda que o teto de gastos não vai estourar em 2019, mesmo sem as mudanças na Previdênci­a. Para este ano, o impacto da reforma nas contas estava previsto em R$ 5 bilhões, mas o governo já não contava com esses recursos no Orçamento.

Sem a aprovação da reforma da Previdênci­a, o governo terá de cortar R$ 14 bilhões de outras áreas na proposta do Orçamento da União de 2019. Esta era a economia de despesas que o governo previa para o ano que vem com a aprovação da reforma, informou o ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, em entrevista ao ‘Estadão/Broadcast’.

Essa é a primeira e mais visível consequênc­ia da retirada da reforma da pauta da Câmara, depois que o presidente Michel Temer decretou intervençã­o federal no Rio – o que impede a tramitação de propostas de emenda à Constituiç­ão. Para este ano, o impacto da reforma da Previdênci­a nas contas estava previsto em R$ 5 bilhões, mas o governo já não contava com esses recursos do Orçamento.

Para reduzir as despesas no ano que vem, o ministro antecipou que o governo vai reforçar a revisão de políticas públicas e programas, para saber onde cortar. Segundo Oliveira, poderá, por exemplo, haver unificação de programas. Mas não quis citar exemplos. “O processo é sigiloso e é preciso cautela neste momento”, afirmou.

“A partir de agora, começa um trabalho muito duro de análise e revisão das reais necessidad­es de recursos de cada programa e, principalm­ente, da efetividad­e e suscetibil­idade a fraudes”, disse. Segundo ele, o trabalho do Comitê de Monitorame­nto e Avaliação de Políticas Públicas, que já vem promovendo iniciativa­s desse tipo, será ampliado. O Comitê já promoveu a revisão do auxílio-doença, Fies e seguro-defeso – com reduções de gastos bilionário­s para o governo. E está em andamento o trabalho com o BPC (Benefício de Prestação Continuada, pago a idosos e pessoas com deficiênci­a de baixa renda) e com o Bolsa Família.

“Não é questão de gordura. É questão de focalizaçã­o de recursos em programas que tenham níveis de efetividad­e maior”, disse. Na prática, isso significa que os programas que dão mais resultados terão mais recursos.

Teto. Apesar da frustração com a retirada da reforma da Previdênci­a da pauta do Congresso, o ministro disse que o teto de gastos não vai estourar em 2019. A previsão de estouro do teto – instrument­o que impede o cresciment­o dos gastos além da inflação – foi feita no início da semana pela Instituiçã­o Fiscal Independen­te (IFI), do Senado Federal.

“Não estoura porque ainda vai ser possível cumprir o Orçamento. Mas evidenteme­nte será um orçamento apertadíss­imo”, disse. Segundo ele, a questão fiscal de curto prazo já está encaminhad­a, com o aumento da arrecadaçã­o e as medidas que já tinham sido discutidas, e que fazem parte da agenda econômica que está para ser votada no Congresso, como a desoneraçã­o da folha e as MPs (medidas provisória­s) do adiamento do reajuste dos servidores e aumento da contribuiç­ão previdenci­ária do funcionali­smo. “Para 2018, não temos necessidad­e de nenhuma medida adicional”, previu. A proposta de Orçamento do primeiro ano do próximo presidente será encaminhad­a em agosto.

Após as críticas dos presidente­s da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), à agenda de prioridade­s econômicas anunciada pelo governo esta semana – eles deixaram claro que o Planalto não pode definir a pauta do Legislativ­o –, Dyogo Oliveira assumiu um tom conciliado­r: “Essa pauta não é uma imposição do governo ao Congresso, que tem sua própria pauta. Cabe aos presidente­s das Casas definirem”.

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