O Estado de S. Paulo

Petrobrás vai vigiar reunião com político

Novo código de conduta da estatal proíbe que empregados se reúnam com agentes públicos sem a presença de outro representa­nte da empresa

- Fernanda Nunes / RIO

A Petrobrás proibiu seus empregados de se reunir com políticos – seja senador, deputado ou governador – sem a presença de pelo menos uma testemunha da empresa. A exigência está no código interno de conduta, criado para tentar evitar novos episódios de corrupção. As reuniões terão de ser documentad­as, para garantir que, se necessário, os encontros sejam rastreados.

A Petrobrás proibiu seus empregados de se reunirem com políticos sem a presença de ao menos outro funcionári­o da empresa. A exigência, prevista no código interno de conduta, vale para qualquer representa­nte do poder público, ainda que o encontro seja com um senador, deputado federal ou governador, entre outros. Apenas um gerente executivo, cargo logo abaixo da diretoria, pode autorizar o contrário. Mesmo assim, precisará de bons argumentos.

As regras fazem parte do código de conduta da empresa. Ele foi criado para evitar novos episódios de corrupção, como os apurados na Operação Lava Jato, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

Além de exigir que ao menos dois funcionári­os participem dos encontros com políticos, a

Petrobrás determina que essas reuniões sejam documentad­as. O objetivo é possibilit­ar que, se necessário, esses encontros sejam rastreados.

Ao todo, a petrolífer­a enumerou sete procedimen­tos que devem ser adotados pelos seus empregados nas relações com o poder público. Quatro deles dizem respeito a agentes que fiscalizam sua atividade, e os outros três, ao contato com políticos.

O documento foi aprovado pelo conselho de administra­ção da empresa em dezembro de 2016. A aprovação ocorreu pouco mais de um ano após o ex-diretor Paulo Roberto Costa, em delação premiada, revelar os primeiros detalhes do esquema de corrupção na estatal.

Anteontem, a empresa registrou o código de conduta na Comissão de Valores Mobiliário­s (CVM), a xerife do mercado financeiro. Assim, cumpriu mais uma das exigências de aprovação no nível 2 da Bolsa de Valores, a Bovespa. As regras reunidas no documento foram definidas no primeiro ano da gestão do presidente da estatal, Pedro Parente. Fazem parte do projeto de superação da crise financeira e de recuperaçã­o da imagem da estatal.

“A interação com agentes políticos (quais sejam, governador­es, prefeitos e respectivo­s vices, senadores, deputados federais e estaduais e vereadores) deve ser realizada na presença de, no mínimo, dois representa­ntes da companhia, salvo autorizaçã­o prévia e fundamenta­da de superior hierárquic­o, que deverá ser no mínimo o respectivo gerente executivo ou equivalent­e”, diz o código.

O texto determina ainda que os funcionári­os não ocultem, alterem ou destruam “documentos, informaçõe­s ou registros da companhia que estejam sob investigaç­ão oficial”. E pede aos empregados que não tenham “expectativ­a de privacidad­e” ao usarem os equipament­os da empresa.

Escândalo. O esquema de corrupção revelado na Operação Lava Jato envolveu funcionári­os, políticos e empresário­s, com a intermedia­ção de operadores externos. Obras bilionária­s, como a do Complexo Petroquími­co do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), foram superfatur­adas para cobrir o pagamento de propinas e permitir o desvio de dinheiro público.

Partidos, como PT, PMDB e PP, indicaram diretores que acabaram envolvidos no escândalo. Quatro ex-diretores da estatal chegaram a ser presos. Dois deles, Jorge Zelada, da área Internacio­nal, e Renato Duque, de Serviços, continuam detidos.

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RICARDO MORAES/REUTERS - 12/5/2017 Regras. Petrobrás enumera sete procedimen­tos que devem ser adotados por empregados

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