O Estado de S. Paulo

Polícia de SP estuda reforço em ações na divisa com o Rio

Intervençã­o. Entre as possibilid­ades em análise está o envio de homens da Tropa de Choque para auxiliar o Comando de Policiamen­to de Área do Interior-1, de São José dos Campos. A situação no Estado vizinho ainda preocupa Espírito Santo e Minas

- Marcelo Godoy / COLABORARA­M BRUNO RIBEIRO, JOSÉ MARIA TOMAZELA, RENATA OKUMURA e LUCIANA ALMEIDA, ESPECIAL PARA O ESTADO

A polícia de São Paulo vai reforçar a presença na divisa com o Rio, para evitar a movimentaç­ão de criminosos. Homens da Tropa de Choque devem ser mandados para o Vale do Paraíba e litoral norte, para fazer frente à intervençã­o na segurança no Rio. Hoje, autoridade­s de São Paulo, Minas e Espírito Santo vão discutir ações.

A polícia de São Paulo prepara ações para fazer frente à necessidad­e de se ampliar a presença de homens no Vale do Paraíba e no litoral norte, em razão da intervençã­o federal na segurança pública do Rio. A inteligênc­ia da polícia está preparando um relatório que deve ser apresentad­o amanhã sobre a movimentaç­ão de criminosos na divisa entre o Estado e o Rio.

Entre as possibilid­ades estudadas está o envio de homens da Tropa de Choque para reforçar o patrulhame­nto das duas regiões, ampliando o efetivo do Comando de Policiamen­to de Área do Interior-1, de São José dos Campos. A situação atual ainda preocupa Espírito Santo e Minas.

Uma reunião com autoridade­s dos três Estados deve ocorrer hoje. “Estamos em contato permanente com a inteligênc­ia dos outros Estados e é isso que a gente vai intensific­ar. O que a gente quer ter (com esse encontro) é a oportunida­de efetivamen­te de tomar conhecimen­to de algumas ações que eles (governo federal) vão adotar, para que a gente possa ter um tipo de precaução maior, um tipo de ação a ser programada. A iniciativa partiu do Estado de Minas”, afirmou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho.

As Polícias Militar e Rodoviária do Estado e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) já atuam na divisa entre São Paulo e o Rio para combater o crime interestad­ual. A polícia atribui os ataques a agências bancárias com explosivos nos limites paulistas, por exemplo, a grupos armados do Rio. Na quinta-feira, dia anterior ao anúncio da intervençã­o, 15 homens portando fuzis explodiram três agências bancárias no centro de Cunha, na divisa com o Estado fluminense. Na fuga, os criminosos incendiara­m carros para interditar a Rodovia Cunha-Paraty.

Desde a semana passada ocorrem bloqueios na Rodovia Presidente Dutra, próximo da cidade de Cunha, e na Rio-Santos, na divisa de Paraty com Ubatuba, em uma base da PRF. “E vai acontecer (blitze) diariament­e, em períodos específico­s, noturnos e diurnos, com grande visibilida­de. Todos os veículos estão sendo vistoriado­s, com foco naqueles que têm placas de fora do litoral norte”, disse o tenente coronel César Eduardo Ferreira, comandante do 20.º Batalhão da Polícia Militar/Interior, com sede em Ubatuba.

Conforme o inspetor Marcelo de Lima, da PRF, a região pode transforma­r-se em rota para escoamento de armas e drogas após as ações no Rio. Segundo ele, a ação é uma medida local, mas já é reflexo da intervençã­o na segurança do Rio. “A preocupaçã­o é com uma possível migração de criminosos.”

Já o secretário Mágino Alves descartou, por enquanto, a possibilid­ade de deflagrar operações ou de fuga de criminosos para São Paulo. “Na instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificado­ra) no Rio, fizemos monitorame­nto para saber se houve migração de criminosos para cá. E não houve.”

Espírito Santo. Ainda ontem o secretário de Estado da Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp/ES), André Garcia, garantiu que as Polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal vão monitorar 198 quilômetro­s de fronteiras do Estado capixaba com o Rio e Minas. Será a chamada Operação Divisa. Ao todo, serão montados oito pontos de bloqueio, mas somente um, que ficará na BR-101, foi divulgado. O total do reforço policial nesses pontos custará aos cofres públicos aproximada­mente R$ 2,5 milhões.

De acordo com Garcia, o monitorame­nto terá início hoje e a previsão é de que os trabalhos sejam realizados por pelo menos dois meses e meio. Para garantir o monitorame­nto, serão utilizados, além das viaturas, três drones e helicópter­os. O policiamen­to será realizado por 150 policiais, sendo 130 policiais militares e civis e 20 policiais rodoviário­s federais. “É um plano de prevenção, uma iniciativa que leva em consideraç­ão uma possibilid­ade eventual (de migração de criminosos).”

Procurada, a Secretaria de Segurança Pública de Minas informou que “está preparada nas áreas de inteligênc­ia e operaciona­l para possíveis reflexos da ação em nosso território de divisa”. “O comando da Polícia Militar, de maneira preventiva, já anunciou reforço de policiamen­to nas áreas limítrofes.”

“Não teve migração e, sinceramen­te, não creio que terá migração (de criminosos). Mas isso não é justificat­iva para que a gente relaxe e deixe de acompanhar toda a movimentaç­ão.” Mágino Alves

SECRETÁRIO DA SEGURANÇA DE SÃO

PAULO

“E vai acontecer (blitze) diariament­e, em períodos específico­s, noturnos e diurnos, com grande visibilida­de.” César Eduardo Ferreira

COMANDANTE DO 20.º BPMI

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WILTON JUNIOR/ESTADAO Vigilância. Vizinhos temem virar rota para escoamento de armas vindas do Rio; ontem, na Baixada Fluminense, militares apoiaram inspeção em cadeia

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