O Estado de S. Paulo

Isadora faz história na Coreia

Brasileira supera trauma de Sochi e, com uma bela exibição, vai à final na Coreia do Sul, um feito inédito para o País

- PYEONGCHAN­G

Patinadora brasileira é a primeira do País a se classifica­r para uma final da modalidade.

Após uma apresentaç­ão sem falhas graves nas eliminatór­ias da patinação artística nos Jogos de Inverno de Pyeongchan­g, Coreia do Sul, Isadora Williams respirou aliviada. Na memória vinham as lembranças de quatro anos atrás, na Olimpíada de Sochi, quando ficou na 30.ª e última colocação. “É a redenção da minha carreira. Tive um peso enorme nas costas, agora acabou. Me sinto mais leve. Meu objetivo de Sochi eu fiz aqui”, disse, bastante emocionada.

Aliás, emoção foi a tônica de sua apresentaç­ão, ao som da música Hallelujah, de Leonard Cohen e cantada por K. D. Lang. Ela obteve a nota 55,74, a maior de sua carreira e bem acima da nota 40,37 de Sochi. “Estou muito feliz. Eu queria fazer essa apresentaç­ão perfeita, melhor que em Sochi. É um sonho fazer um programa limpo em uma Olimpíada”, afirmou.

Entre as 30 competidor­as, Isadora ficou na 17.ª posição e pela primeira vez classifico­u o Brasil para a fase final da patinação artística, um feito para um país que não tem tradição na modalidade por causa de suas caracterís­ticas tropicais. “É um orgulho representa­r o Brasil no programa longo, será a primeira vez que isso ocorrerá. Em Sochi eu não qualifique­i, mas agora vou mostrar um programa mais forte do que este.”

Aos 22 anos, a patinadora nasceu nos Estados Unidos, mas escolheu representa­r o Brasil por causa de sua mãe, Alexa, nascida em Minas Gerais. Ela, o pai e sua irmã estão na Coreia do Sul na torcida. “Foi emocionant­e e dramático. E divertido também. Estava muito nervosa, mas tinha confiança porque estava treinando bem”, contou a garota, que ouviu músicas de Anitta antes de competir.

O cresciment­o de Isadora veio também por uma mudança na preparação. Ela deixou a Virgínia e foi para Nova Jersey treinar sob o comando de Igor Lukanin e Kristen Fraser, treinadore­s e ex-patinadore­s que competiram pelo Azerbaijão nos Jogos de Inverno de 2002 e 2006. Agora ela espera melhorar ainda mais na fase final. “Eu prefiro o programa longo, pois tem espaço de fazer as coisas.”

Feito histórico. Logo após sua apresentaç­ão, seu nome passou a ser muito buscado no Google. As pessoas queriam saber quando Isadora vai competir novamente e detalhes sobre sua vida. A modalidade tem sido uma das que ocupam mais espaço na programaçã­o da televisão, por causa da beleza dos movimentos das patinadora­s.

Outro detalhe relevante do feito da brasileira foi que ela ficou à frente de patinadora­s de países de muita tradição nos esportes de inverno, como a belga Lorena Hendrickx, a suíça Alexia Paganini e a francesa Maé-Bérénice Méité, todas com boas colocações no último Campeonato Europeu, em janeiro. “A competição é muito forte e agora eu tenho memórias olímpicas melhores. Foi um sonho.”

Hoje, a partir das 22h, ela volta a competir. E espera fazer bonito novamente. “Não tenho controle sobre o que as outras atletas vão fazer, mas tenho controle sobre o que eu vou fazer. Eu quero fazer um programa com os sete saltos e todas as piruetas sem erros. Eu gosto da música, será um tango, muito sexy”, concluiu, lembrando que vai patinar ao som de Nyah, de Hans Zimmer.

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JOHN SIBLEY/REUTERS
 ?? BERNAT ARMANGUE/AP ?? Exibição de gala. Isadora Williams fez uma apresentaç­ão de alto nível em Pyeongchan­g
BERNAT ARMANGUE/AP Exibição de gala. Isadora Williams fez uma apresentaç­ão de alto nível em Pyeongchan­g

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