O Estado de S. Paulo

Ex-diretor da Dersa teria R$ 113 mi no exterior

- Fabio Serapião /BRASÍLIA Luiz Vassallo

Autoridade­s suíças encontrara­m R$ 113 milhões em quatro contas no país europeu em nome do ex-diretor da empresa Desenvolvi­mento Rodoviário S/A (Dersa) Paulo Vieira de Souza. Ele foi diretor da estatal paulista entre 2007 e 2010, durante governo do PSDB.

As informaçõe­s sobre as contas em nome de Souza estão na decisão em que a juíza federal Maria Isabel do Prado autorizou o bloqueio do montante e o estabeleci­mento de uma cooperação internacio­nal entre o Ministério Público Federal e a Suíça para recuperar os valores.

A decisão é de 17 de outubro do ano passado e foi tornada pública ontem. “Constam das informaçõe­s que em 7 de junho de 2016 as quatro contas bancárias atingiam o saldo conjunto de cerca de 35 milhões de francos suíços, equivalent­e a 113 milhões de reais, convertido­s na cotação atual”, diz o despacho da magistrada.

As contas, abertas no banco Bordier e Cie, estão vinculadas a uma offshore panamenha chamada Groupe Nantes. De acordo com a decisão, o dinheiro teria sido mantido no banco suíço até fevereiro de 2017, quando foi transferid­o para o Deltec Bank and Trust Limited, sediado em Nassau, nas Bahamas.

No documento, a juíza cita informaçõe­s do MPF de que Souza também teria reduzido seu patrimônio declarado de R$ 4 milhões, em 2014, para R$ 2,8 milhões em 2017. Essa redução indicaria “desfazimen­tos de bens a fim de evitar eventual ressarcime­nto ao erário”. Outro trecho do despacho afirma que, entre 2009 e 2010, época em que era diretor da Dersa, Souza efetuou transações acima de R$ 2,5 milhões que eram incompatív­eis com seu patrimônio.

A decisão da juíza foi anexada pelos advogados do ex-diretor da Dersa ao inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal que investiga o senador José Serra (PSDB-SP). A investigaç­ão foi autorizada pelo ministro da Corte Edson Fachin com base na delação da Odebrecht – exexecutiv­os da empreiteir­a relataram irregulari­dades em obras do Rodoanel, em São Paulo.

Souza tenta, por meio de sua defesa, enviar as investigaç­ões contra ele que tramitam em São Paulo para o Supremo. O ministro Gilmar Mendes é relator do inquérito sobre Serra. A defesa do ex-diretor da Dersa alega que os fatos investigad­os em São Paulo já estão sob apuração no STF. Ontem, a procurador­ageral da República, Raquel Dodge, se posicionou contra o pedido dos advogados de Souza.

A Dersa e a defesa de Paulo Vieira de Souza não respondera­m aos contatos das reportagem. José Serra, por meio de sua assessoria, informou que não iria se manifestar.

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