O Estado de S. Paulo

Alckmin deve intervir nos maiores colégios eleitorais

Eleição. Governador paulista, pré-candidato do PSDB à Presidênci­a, terá a palavra final sobre candidatur­as tucanas nos Estados; maior preocupaçã­o é com o palanque em Minas

- Pedro Venceslau Adriana Ferraz Renan Truffi / BRASÍLIA COLABOROU DAIENE CARDOSO /

Pré-candidato à Presidênci­a, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vai ter a palavra final sobre as candidatur­as do PSDB aos governos estaduais. De acordo com aliados do tucano, a ideia é usar uma resolução partidária de 2014 que deu carta branca à executiva do partido para promover intervençõ­es nos diretórios regionais quando necessário.

Naquele ano, o senador Aécio Neves (MG) era presidente do PSDB e pré-candidato ao Palácio do Planalto, assim como Alckmin agora. A proposta foi aprovada na época pelo diretório nacional, apesar de sofrer forte resistênci­a interna.

A preocupaçã­o no entorno de Alckmin é que ele fique sem palanques fortes nos principais colégios eleitorais do País. Pelo mapa atual, o PSDB não tem opções competitiv­as em Minas Gerais, Rio, Bahia e Pernambuco, que representa­m cerca de 30% do eleitorado nacional.

Por ora, o partido contabiliz­a 12 pré-candidatur­as considerad­as “consolidad­as” pela cúpula tucana, mas parte delas pode acabar sendo sacrificad­a em nome do projeto nacional. Alckmin tem dito a aliados que nesses casos é normal que “a ordem venha de cima”.

Potenciais aliados do PSDB na eleição presidenci­al de outubro, PSD, DEM, PSB e PPS devem apresentar ao governador suas listas de prioridade­s regionais. Essa equação será decisiva para os tucanos.

O DEM calcula nove potenciais candidatur­as estaduais, sendo Goiás, Rio, Bahia e Rio Grande do Sul as prioritári­as. A legenda pede que os tucanos apoiem Ronaldo Caiado em Goiás, César Maia no Rio, ACM Neto na Bahia e Onyx Lorenzoni no Rio Grande do Sul.

Já as conversas de Alckmin com o PSB só avançarão se o partido desistir de disputar Pernambuco, Distrito Federal e Espírito Santo para apoiar a sigla.

Fator Minas. Base de Aécio, que planeja disputar a reeleição, Minas Gerais é a maior preocupaçã­o dos auxiliares e estrategis­tas do governador paulista. O Estado representa 10,6% do eleitorado nacional.

O PSDB caminhava para fechar uma aliança com o DEM, que deve lançar o deputado Rodrigo Pacheco ao governo do Estado. O acordo, porém, não vingou por causa da resistênci­a do DEM a incorporar Aécio na chapa como candidato ao Senado.

Pacheco, que vai deixar o MDB mineiro para ingressar no DEM, disse ontem que não faz objeção em apoiar a candidatur­a presidenci­al de Alckmin no Estado e que gostaria de ter em seu palanque o senador tucano Antonio Anastasia (mais informaçõe­s nesta página) – nome que também agrada ao governador de São Paulo.

Aliados de Aécio, no entanto, ensaiam lançar um deputado federal da bancada mineira com o objetivo de marcar posição e garantir a candidatur­a à reeleição do senador. Essa opção, por sua vez, desagrada a interlocut­ores de Alckmin. A solução de consenso seria colocar Anastasia na disputa ao governo mineiro.

Líderes e deputados do PSDB pressionar­am ontem Anastasia, que resiste à ideia. Em Brasília, onde passou o dia ontem, Alckmin se reuniu com o senador mineiro e afirmou que ele é o “candidato natural” do partido ao Palácio Tiradentes, sede do governo estadual.

Minas Gerais, atualmente sob o comando do petista Fernando Pimentel, foi governada por Anastasia de 2010 a 2014. O senador era vice de Aécio, que renunciou ao cargo para concorrer à vaga no Senado.

Alckmin disse que será o “porta-bandeira” de Anastasia, caso ele queira disputar o cargo. “Anastasia é um quadro excepciona­l, une o partido e também os aliados. Se depender de mim, estarei na linha de frente, porta-bandeira do Anastasia”, afirmou o presidenci­ável tucano.

Conversas. Alckmin teve ontem em Brasília vários encontros ao longo do dia com senadores de Espírito Santo, Ceará, Minas Gerais e Santa Catarina.

O líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), foi um dos que discutiram sobre as eleições com o governador de São Paulo. Também houve conversas com os senadores Tasso Jereissati (CE) e Ricardo Ferraço (ES), além de Anastasia.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil