Conselheiro cita ‘mesada’ na casa de Picciani
Ex-presidente do Tribunal de Contas Estado do Rio (TCERJ), Jonas Lopes de Carvalho Júnior afirmou ontem à Justiça que acertou uma “mesada” dos empresários de ônibus para os conselheiros do órgão na casa “com vista para o mar” do presidente afastado da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani (MDB), na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
O suposto encontro teria ocorrido após o TCE ter feito uma devassa nas contas do Bilhete Único que atingiu empresas ligadas à Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Rio (Fetranspor). Lopes prestou depoimento em audiência da Lava Jato no Rio, na 7.ª Vara Federal Criminal.
Segundo Lopes, ele foi chamado por Picciani, atualmente preso, depois que o TCE detectou R$ 90 milhões em créditos expirados do Bilhete Único. Na reunião também estaria José Carlos Lavouras, ex-conselheiro da Fetranspor, que teria oferecido R$ 70 mil de “mesada” para seis conselheiros do tribunal.
“Esses pagamentos foram feitos através do meu filho (Jonas Lopes de Carvalho Neto)”, disse, em depoimento. O conselheiro e seu filho fecharam acordo de delação premiada.
Em seu depoimento, o ex-presidente do tribunal disse que encontrou “diversas irregularidades” no setor de transportes. Relatou ainda que chegou a avisar previamente o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB), atualmente preso em Curitiba, da auditoria que faria. O então governador tinha, segundo ele, “relacionamento forte” com os empresários de ônibus.
A defesa de Picciani “nega veementemente o que foi divulgado”. O advogado de Cabral, Rodrigo Roca, disse ao Estado que não sabia de qual operação tratava a audiência de ontem e não se pronunciou sobre a acusação contra o ex-governador.
O TCE informou que Lopes “é conselheiro aposentado e não possui mais qualquer vínculo com o cotidiano da instituição” e, por isso, não emitiria qualquer posicionamento. A defesa de Lavouras disse que as “acusações são mentirosas”.