Solto, Wesley Batista não poderá voltar à J&F
De acordo com decisão do STJ, ex-presidente da JBS está proibido de retomar cargos no grupo e também de ter contato com o irmão Joesley
Liberado da prisão, o empresário Wesley Batista, ex-presidente e um dos donos da JBS, não poderá retomar cargos na empresa ou na J&F, que controla os negócios dos Batistas. Ele também está proibido de ter contato com seu irmão e sócio, Joesley, conforme a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que autorizou sua liberação da carceragem da PF.
Quando foi preso, em setembro do ano passado, a JBS esforçou-se para transmitir ao mercado a imagem de que possuía um time de executivos capazes de tocar a companhia na ausência de Wesley. Nos bastidores, porém, fontes admitiam que a saída repentina do empresário fora um baque. Não havia processo de sucessão. Wesley concentrava boa parte das decisões estratégicas, capitaneando negociações importantes, como com bancos. Ao longo dos cinco meses em que esteve na cadeia, Wesley foi informado – e consultado – sobre rumos do negócio, segundo relato de pessoas próximas aos Batistas.
Em audiência na tarde de ontem, o empresário disse ao juiz Diego Paes Moreira, da 6.ª Vara Federal, que está afastado de todas as suas empresas e que cumprirá com “total disciplina e rigor” as medidas estabelecidas.
De camisa azul e óculos, ficou em silêncio durante quase toda a audiência, agendada para que ele recebesse orientações.
Wesley terá de usar tornozeleira eletrônica. Mas, por ora, está sem o equipamento, que está em falta em São Paulo.
Sem contato. As medidas cautelares impostas pelo STJ incluem a proibição de “manter contato pessoal, telefônico ou virtual com outros réus, testemunhas ou pessoas que possam interferir na produção probatória” do processo em que responde por insider trading – uso de informação privilegiada para lucrar no mercado de capitais.
Joesley também é réu nesse caso. Por isso, os dois não poderão mais ter contato. Além de terem firmado delação em conjunto, eles são sócios. No papel, são os únicos donos da J&F, que controla a JBS, o Banco Original, entre outros negócios.
Há sinalização da Justiça de que essa medida não impede Wesley de ter contato com familiares que atuam na JBS como seu filho, Wesley Filho, e seu pai, José Batista Sobrinho. O patriarca assumiu a presidência da JBS após a prisão de Wesley.
A decisão do STJ também alcança Joesley, mas ele seguirá preso. Contra ele, há outro pedido de prisão – este autorizado pelo Supremo Tribunal Federal, por ter supostamente omitido informações de sua delação.