O Estado de S. Paulo

Formados em Medicina erram diagnóstic­os

Cremesp observa melhor resultado de novos médicos em 10 anos, mas maioria não sabe analisar mamografia e falha no diagnóstic­o de diabete

- Paula Felix

Oito em cada dez recém-formados em Medicina não souberam analisar uma mamografia e número parecido errou diagnóstic­o de diabete, segundo levantamen­to do Cremesp com base no exame não obrigatóri­o aplicado pela entidade.

Pela primeira vez em dez anos, mais de 60% dos recémforma­dos em Medicina foram aprovados no exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). No entanto, o porcentual de erros na análise de problemas de saúde frequentes foi considerad­o alto.

Segundo o levantamen­to apresentad­o pelo conselho ontem, dos 2.636 egressos do curso no Estado, 1.702 (64,6%) acertaram mais de 60% das 120 questões, a pontuação mínima. Mas 88% dos recém-formados não souberam interpreta­r o resultado de uma mamografia; 78% erraram o diagnóstic­o de diabete; 60% demonstrar­am pouco conhecimen­to sobre doenças parasitári­as; e 40% não souberam fazer a suspeita de um caso de apendicite aguda.

“Essa é uma prova de dificuldad­e de média para fácil. Se o médico não sabe fazer um diagnóstic­o de diabete e câncer de mama, que é de rotina, é muito complicado. Temos discutido com as escolas de Medicina, que vão receber o resultado.

Um indivíduo que não sabe dessas coisas não exerce a Medicina em países como Estados Unidos, Canadá e Portugal. Estamos propondo um curso de reciclagem do conhecimen­to médico para proteger a população”, afirma Bráulio Luna Filho, primeiro-secretário do Cremesp e coordenado­r do exame.

O Cremesp informou que o desempenho dos profission­ais também foi melhor do que no ano de 2016, que registrou índice de aprovação de 43,6%. “Nosso objetivo é que a aprovação seja de, ao menos, 85%. Já temos boas escolas públicas que aprovam 95% dos alunos. As escolas privadas ainda têm um longo caminho.”

Esta é a 13.ª edição do exame, que não é obrigatóri­o, mas, desde 2015, é utilizado entre os critérios de programas de residência médica, concursos públicos e para a contrataçã­o na rede privada, como as Secretaria­s de Saúde do Estado e do Município de São Paulo e Hospitais como Albert Einstein, Sírio-Libanês e Oswaldo Cruz.

Campanha. O Cremesp está lançando uma campanha, por meio de uma petição online, para que o exame se torne obrigatóri­o, por lei, em todo o País. A meta é reunir 500 mil assinatura­s que devem ser encaminhad­as para o Congresso Nacional. “Nosso objetivo é que esse exame se torne obrigatóri­o em nível nacional. Não queremos mais falar de exame do Cremesp ou exame facultativ­o, mas de exame obrigatóri­o”, afirma Lavínio Nilton Camarim, presidente do Cremesp.

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