Odebrecht entrega e-mails sobre terreno
Para delator da Lava Jato, mensagens comprovam negociação sobre área para sede do Instituto Lula
O empresário Marcelo Odebrecht entregou à Lava Jato emails sobre o terreno para o Instituto Lula que corroborariam sua delação. Eles foram anexados à ação penal na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de receber propina da empreiteira.
“Após a progressão para o regime fechado diferenciado em 19 de dezembro de 2017, o colaborador (Marcelo Odebrecht) teve acesso a um HD contendo o espelhamento de seu computador apreendido, quando passou a realizar buscas por mais elementos de corroboração dos fatos relatados no acordo por ele celebrado”, afirma a defesa do empreiteiro, que cumpre prisão domiciliar em São Paulo.
Neste processo, a Lava Jato atribui a Lula vantagem indevida de R$ 12,5 milhões da Odebrecht, por meio de um terreno que abrigaria o instituto que leva o nome do ex-presidente e uma cobertura vizinha à residência do petista em São Bernardo do Campo.
As mensagens, segundo o delator, foram trocadas entre 8 e 9 de setembro de 2010. O documento cita o Drousys – sistema de informática para comunicação do “setor de propinas” da empreiteira – e o MyWebDay – software desenvolvido para gerenciar contabilidade paralela.
Em uma das mensagens o exexecutivo da empreiteira Paulo Melo afirma: “O assunto Instituto está evoluindo para venda do imóvel atual e compra de um outro, por solicitação dos interessados”. Em outra, pede que o “setor de propinas” do grupo programe três pagamentos e solicita autorização de Marcelo. “(O arquivo) corrobora os pagamentos registrados nos sistemas MyWebDay e Drousys, conforme documentos juntados pelo colaborador e pelo Ministério Público”, diz a defesa.
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, disse que os documentos não demonstram que Lula tenha solicitado recursos ilícitos. “A iniciativa é mais um factoide que tem por objetivo mascarar que nenhuma prova foi produzida contra Lula.”