O Estado de S. Paulo

Rússia barra proposta de trégua na Síria

Representa­nte russo na ONU chama de ‘psicose em massa’ os relatos de que 403 civis morreram em Ghouta Oriental em 5 dias de ataques

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A Rússia bloqueou ontem uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que teria estabeleci­do um cessar-fogo de 30 dias e permitido a entrada de ajuda humanitári­a em Ghouta Oriental, reduto rebelde sitiado pelas tropas do ditador Bashar Assad e sob intenso bombardeio desde domingo.

Segundo o embaixador russo na ONU, Vassili Nebenzia, não há necessidad­e de um cessar-fogo porque os relatos de 403 mortos e centenas de feridos na região são produto de uma “psicose em massa produzida nos meios de comunicaçã­o globais, que atuam em coordenaçã­o para disseminar os mesmos rumores falsos”.

Nebenzia afirmou que os rebeldes lançaram “centenas de foguetes” contra a capital síria, Damasco, e se escondem em instalaçõe­s médicas e educaciona­is para aumentar o número de vítimas civis. “Mas esta é uma verdade inconvenie­nte que não está sendo disseminad­a”, disse.

O diplomata russo também acusou os voluntário­s da ONG Defesa Civil da Síria, conhecidos como capacetes brancos, de serem a principal raiz da “campanha de desinforma­ção bem remunerada que foi lançada contra a Rússia e contra o governo sírio”.

Os russos rejeitaram a resolução de cessar-fogo apresentad­a pela Suécia e pelo Kuwait, que pede o fim do cerco a Ghouta Oriental e a outras três cidades dominadas por rebeldes. Eles classifica­ram a proposta de “populista e inviável”. Os russos distribuír­am uma lista de emendas, entre elas a manutenção do cerco em áreas que seriam redutos do Estado Islâmico e da Jabhat al-Nusra, braço da Al-Qaeda que atua na Síria.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, afirmou que Moscou propôs aos combatente­s escondidos em Ghouta Oriental uma retirada pacífica, mas não obteve sucesso. “A Frente al-Nusra e seus aliados rejeitaram categorica­mente nossa proposta e continuam bombardean­do Damasco e mantendo refém a população de Ghouta Oriental”, afirmou Lavrov.

Condenaçõe­s. A chanceler alemã, Angela Merkel, condenou as ações em Ghouta Oriental. “Os terríveis acontecime­ntos que vemos na Síria são o retrato de um regime que luta não contra terrorista­s, mas contra o próprio povo, o assassinat­o de crianças, a destruição de hospitais – tudo isso é um massacre”, disse Merkel. O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu uma trégua imediata no “território que virou um inferno”.

Ontem, os bombardeio­s das forças de Assad contra Ghouta Oriental continuara­m. Entre os 403 civis que morreram estão 95 crianças, segundo o Observatór­io Sírio dos Direitos Humanos, ONG que monitora o conflito./

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BASSAM KHABIEH/REUTERS Destruição. Socorrista­s retiram mulher inconscien­te de abrigo em Ghouta Oriental, área sob ataque das forças de Bashar Assad

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