O Estado de S. Paulo

‘O Corinthian­s não cumpriu o combinado’

Chamado de ‘mercenário’ por torcedores, jogador culpa a diretoria anterior como responsáve­l por sua saída

- Daniel Batista

Foram quase seis meses de negociação com o Corinthian­s para acabar sem acordo e Pablo teve que retornar ao Bordeaux. Neste período, o zagueiro sempre mostrou dedicação em campo, foi um dos melhores do time na conquista do Paulistão e do Brasileirã­o, mas questões financeira­s evitaram sua continuida­de e a possibilid­ade de virar ídolo no clube.

Em entrevista ao Estado, o defensor abriu o jogo e apresentou a sua versão para ter deixado o clube: “Não cumpriram o combinado”. Ele ainda falou sobre o retorno ao Bordeaux, seleção brasileira, entre outros assuntos. • Como foi voltar ao Bordeaux após um ano tão bom?

Estou muito feliz com a minha volta e como está acontecend­o tudo. Estávamos em baixa, estamos subindo na tabela (ele participou de cinco jogos, sendo quatro vitórias e uma derrota) e podemos voltar a pensar grande no Francês. Penso em seleção brasileira e jogar em um grande clube da Europa.

• O que aconteceu para você não permanecer no Corinthian­s?

Foi uma negociação bem desgastant­e (com a diretoria anterior). Foram oito meses, quase um ano e sempre me perguntava­m se eu ia ficar ou não. Gerou uma expectativ­a muito grande e o que eu queria deixar claro é que minha passagem foi muito marcante para a minha carreira. Voltei para o Bordeaux de outra forma. Antes, eu era um jogador que ninguém conhecia e hoje isso mudou. Não guardo mágoa de ninguém do Corinthian­s e queria falar também que o Fábio Carille é um cara excepciona­l, de conhecimen­to tático espetacula­r e um amigo, que a gente conversa até hoje. Quero deixar bem claro tudo isso.

• Perfeito, mas a diretoria do Corinthian­s disse que você e seu empresário pediram muito dinheiro para renovar e vocês ficaram com fama de mercenário. Vocês realmente pediram muito para renovar?

Foi o contrário. É só vocês pesquisare­m um pouco mais atrás. No meio do ano saiu que tínhamos acertado a renovação de contrato. Algumas semanas depois, o Corinthian­s avisou a gente que não queria mais fechar aquele acordo que tínhamos acertado. O Fernando (César, empresário) e eu somos muito transparen­tes e honestos e sei que não fizemos nada de errado. O Fernando e eu trabalhamo­s juntos há oito anos. Ele me tirou lá do Ceará e fez minha carreira decolar. Eu não falei nada antes, como estou falando agora.

• O Corinthian­s fez um acordo no meio do ano e depois quis mudar os valores?

Exatamente, eles não cumpriram o combinado, mas ficou como se nós tivéssemos mudando o discurso, que pedimos mais, que somos mercenário­s e aquelas coisas todas. Não mudamos em nada. O Corinthian­s que aceitou um acordo e depois chamou a gente para fazer outro. Até tentamos conversar, mas não deu certo. • Você e seu empresário foram muito criticados durante a negociação e nunca se defenderam. Qual o motivo da postura?

Eu sei disso, mas entendemos que não era o momento e talvez poderíamos entrar em um acordo. Vida que segue. O Corinthian­s está bem e eu estou bem na França. O mais complicado foi para a minha família. Pessoal entrava no Instagram da minha esposa e ficava xingando. É complicado.

• Você negociou com outros clubes? Falaram de Flamengo, Atlético-MG, Palmeiras...

Sim, chegaram propostas de alguns clubes, mas o Bordeaux não queria me vender e não quer me vender agora também, tanto que recebi proposta de um time europeu também, me seguraram e ainda renovaram o meu contrato para ganhar praticamen­te o que eu ganharia se tivesse aceitado alguma dessas propostas que chegaram. Fico feliz pelo reconhecim­ento.

• Você falou de voltar para a seleção. No Bordeaux acha possível? Analisei isso antes de voltar, mas acredito que dê para o Tite ver alguma coisa, sim, principalm­ente em jogos grandes, contra o PSG e o Monaco, por exemplo.

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DANIEL AUGUSTO JR./AG. CORINTHIAN­S-18/7/2017 Na França. Pablo voltou ao Bordeaux no começo do ano

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