O Estado de S. Paulo

Brasil quer bater potências do gelo no bobsled

Meta do quarteto do País é ficar entre os 15 mais bem colocados na Coreia do Sul. Prova vai começar às 21h30

- Paulo Favero

Rafael Souza é o caçula do quarteto brasileiro de bobsled, que tentará hoje uma posição honrosa nos Jogos de Inverno, que estão sendo disputados em Pyeongchan­g, na Coreia do Sul. Ele vai competir ao lado de Edson Bindilatti, Odirlei Pessoni e Edson Martins (Erick Vianna é reserva) e sonha conseguir muitas posições à frente de outras grandes potências do gelo.

“A gente está bem preparado e queremos ser top 15 no bobsled. Não é passeio”, avisou o rapaz de 21 anos, carioca de Vaz Lobo, na zona norte do Rio. Ele sabe que a medalha é quase impossível, mas se apega à grande evolução que a equipe teve nos últimos anos, quando saiu da 36.ª para a 21.ª colocação no ranking internacio­nal.

“Eu sempre tive o sonho, mas não imaginava que chegaria tão novo numa Olimpíada. Minha mãe fica um pouco nervosa, pois sabe que o bobsled tem alguns tombos, mas ela está super emocionada com tudo isso. É uma honra para a família”, disse Rafael, que tem origem em família humilde.

Ele começou sua trajetória no esporte no atletismo, mas sentia sempre dores no músculo posterior da coxa direita. As idas e vindas para o departamen­to médico estavam cansando o rapaz, que praticava no projeto da Mangueira. Foi quando ele ficou sabendo de seletivas do bobsled e resolveu tentar a sorte no esporte de inverno.

“Eu conhecia um pouco a modalidade por causa do filme Jamaica Abaixo de Zero, mas não tinha muita noção do que realmente era. Meus amigos nem sabiam que existia o bobsled. Comecei há dois anos e tinha de explicar para todo mundo o que era”, contou Rafael, que é considerad­o um atleta de grande futuro na modalidade.

Suas caracterís­ticas físicas chamaram atenção da Confederaç­ão Brasileira de Desportos no Gelo. “Como sou rápido e forte, posso me encaixar em qualquer lugar do carro. O pessoal me ajudou muito nessa parte de prática e técnica”, comentou. Ele também é menor que seus companheir­os, o que facilita na hora de entrar no trenó.

O quarteto brasileiro está motivado por causa do bom ciclo olímpico que realizou. Entre os resultados estão o título de campeão da Copa América em 2015 e 2018 e a medalha de bronze no Mundial de Push (Arrancada) em 2016, na Romênia. “Recentemen­te, ficamos quatro meses fora do País. Fomos em setembro e voltamos em janeiro. Aí deu para ter boa preparação de clima e ritmo de competição”, lembrou Rafael.

A competição será realizada hoje a partir das 21h30 (horário de Brasília) e 30 quartetos estarão na disputa da medalha. Após três descidas de cada conjunto, os 20 mais bem colocados na soma dos tempos avançam para a prova final, amanhã, também às 21h30.

Para Rafael, o sonho está sendo construído a cada descida e ele sabe que terá uma torcida particular no verão quente de Vaz Lobo. “O brasileiro, por onde passa, recebe um carinho especial dos outros atletas. O pessoal torce muito pela gente, é uma euforia quando competimos”, concluiu.

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MICHAEL SOHN/AP Brasil. Treino do quarteto de bobsled na Coreia do Sul

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