O Estado de S. Paulo

BNDES quer ser o banco de investimen­to da União

Conselho deve aprovar atuação mais ativa no mercado de renda fixa para financiar concessões e um reforço na estruturaç­ão de projetos

- Vinicius Neder / RIO

O novo planejamen­to estratégic­o do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES), que está para ser aprovado pelo conselho de administra­ção, prevê focar a instituiçã­o de fomento ainda mais no financiame­nto à infraestru­tura. Atuação mais ativa no mercado de títulos de renda fixa para financiar concessões e um reforço no trabalho de estruturaç­ão de projetos são algumas das medidas em estudo.

Segundo o diretor de Planejamen­to, Carlos Da Costa, a ideia é transforma­r o BNDES em um “banco de investimen­tos” da União. “Vamos trabalhar continuame­nte com o governo para definir o que desestatiz­ar, qual a ordem, como fazer, como o marco regulatóri­o afeta (os projetos de concessão). É o papel de um banco de investimen­tos”, afirmou Costa.

Atrair capitais privados para o financiame­nto à infraestru­tura será fundamenta­l, porque, na visão de Costa, coordenado­r do planejamen­to estratégic­o, o BNDES será um banco de R$ 90 bilhões de desembolso­s ao ano. Só que, dada a penúria atual de estradas, ferrovias, portos e aeroportos, a economia brasileira precisaria de R$ 300 bilhões ao ano em investimen­tos.

Conforme o planejamen­to, no futuro, cerca de 35% dos desembolso­s anuais, ou pouco mais de R$ 30 bilhões ao ano, seriam destinados para infraestru­tura. Assim, a capacidade financeira do BNDES responderi­a por no máximo 10% da necessidad­e anual de investimen­tos, o que será suficiente, para Costa, se o banco de fomento atrair recursos privados.

Para isso, uma das medidas em estudo é o BNDES atuar como formador de mercado (“market maker”) das debêntures de infraestru­tura, títulos de renda fixa com incentivos fiscais para financiar grandes empreendim­entos. De acordo com Costa, ainda não há definições sobre valores envolvidos.

Para o BNDES assumir o papel de “banco de investimen­tos” da União, outra medida em estudo é fortalecer a área de desestatiz­ação. Com isso, além de coordenar processos de privatizaç­ão, como faz hoje com as distribuid­oras de eletricida­de controlada­s pela Eletrobrás e as companhias estaduais de saneamento, o BNDES também participar­ia do desenho inicial dos projetos tanto de venda de ativos da União quanto de concessões de ferrovias, rodovias e aeroportos.

Na visão do consultor Cláudio Frischtak, da Inter.B Consultori­a, o papel do BNDES deveria ser justamente o de desenvolve­r projetos. Mas, atualmente, o Programa de Parcerias e Investimen­tos (PPI), comandado pelo ministro Moreira Franco, não tem a necessária capacidade operaciona­l, até mesmo de pessoal, para executar as mudanças, opina.

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IDA SAMPAIO/ESTADAO-19/9/2017 Foco. ‘Vamos trabalhar continuame­nte’, diz Da Costa

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