Sob pressão
Diante da Ferroviária, São Paulo tropeça pela terceira vez seguida no Estadual; técnico continua ameaçado, mas acredita que ‘coisas boas vão acontecer’
São Paulo só empata e torcida critica Dorival.
O São Paulo tinha de vencer e convencer diante da Ferroviária para aliviar um pouco da pressão sobre o técnico Dorival Junior. Ontem, com público fraco no Morumbi, o time tricolor não fez nem uma coisa nem outra e deixou o campo sob vaias. O empate sem gols foi o terceiro tropeço consecutivo no Campeonato Paulista – perdeu para Santos e Ituano – e mantém o treinador sob ameaça no cargo.
“Sou o treinador do São Paulo, sou responsável pelos resultados e pelo momento da equipe. Estou trabalhando muito para reverter o quadro. Vocês estão vendo uma equipe que cria e penetra na defesa adversária. Tem trabalho em tudo isso. Em algum momento acredito que as coisas vão acontecer”, afirmou o treinador, ao ser questionado sobre o risco de demissão.
O próximo compromisso será contra o CRB, quarta-feira, novamente em casa, no jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil. A diretoria não se posicionou publicamente sobre o treinador depois do empate. Antes da partida, o coordenador de futebol, Ricardo Rocha, garantiu Dorival, independentemente do resultado.
O técnico sabe que depende de vitórias para continuar o trabalho. “O limite para um treinador no Brasil, infelizmente, são só três meses. Você não tem como avaliar o trabalho em menos de um ano. Parece até que é prazeroso você ver uma mudança de treinador”, discursou.
“Em cima da cultura do futebol brasileiro, eu já teria saído do São Paulo. Duas derrotas já são suficientes para queimar qualquer profissional. Confio na diretoria em tudo o que vem sendo falado. As pessoas estão avaliando o meu trabalho diariamente. As coisas mudaram bastante desde que cheguei. Hoje temos uma equipe confiável”, completou Dorival.
Em campo, o treinador fez quatro mudanças em relação ao time que perdeu para o Ituano. A principal foi a entrada de Valdívia no lugar de Nenê. O esquema foi similar ao utilizado pelo técnico Fábio Carille na vitória do Corinthians no clássico com o Palmeiras no sábado. Cueva e Diego Souza se posicionavam lado a lado, sem um homem de referência definido.
Durante todo o primeiro tempo, o São Paulo teve um volume maior de jogo, ficou de posse da bola, mas não conseguiu finalizar com tanto perigo. A torcida estava impaciente. As primeiras vaias foram ouvidas pouco antes do fim da etapa inicial e aumentaram na ida para o intervalo, depois de um gol perdido por Marcos Guilherme.
Diferentemente do que havia feito em Itu, no meio de semana, Dorival não mexeu na equipe para voltar para o segundo tempo. O panorama também não mudou. O São Paulo tinha posse de bola, mas não conseguia ser efetivo. A insistência do treinador durou apenas 11 minutos. Tréllez entrou no lugar de Diego Souza. Pouco depois, outra mudança: Nenê no lugar de Valdívia. A segunda substituição fez o torcedor explodir no Morumbi e gritar: “Burro, burro, burro!’’
O coro se repetiu quando Dorival colocou o garoto Paulinho no lugar de Marcos Guilherme, aos 21 minutos. A equipe, porém, ganhou força ofensiva e pressionou até o fim. O goleiro Tadeu apareceu em duas boas finalizações, uma de Cueva, aos 31, e outra de Paulinho, aos 46. As vaias voltaram a ecoar no Morumbi após o apito final.