O Estado de S. Paulo

Vida de técnico no Brasil

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A iminente demissão de Dorival Junior responsabi­liza o comando do futebol do São Paulo como um todo. A decisão, não anunciada ainda, de tirá-lo do cargo foi tomada antes mesmo do empate e das vaias após o confronto em casa com a Ferroviári­a. Ele só não sabe disso, embora desconfie, mas seu caminho está traçado, independen­temente dos jogos do time na sequência do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil.

O treinador, no entanto, não pode ser apontado como o único culpado de um elenco que não funciona, incapaz de marcar gols e de fazer boas apresentaç­ões seguidas, com regularida­de e competênci­a dentro de campo.

Dorival já é o bode expiatório de um trabalho ruim de 11 partidas. Mas é preciso dar nomes aos outros bodes expiatório­s dentro do Morumbi. Há, por exemplo, três dirigentes do futebol que são tão responsáve­is quanto o treinador pelo fracasso da equipe nesse começo de temporada. Fracasso não no sentido de classifica­ção, mas de empenho e qualidade técnica. Raí, Ricardo Rocha e Lugano estão fazendo o quê no Morumbi? Não pode ser apenas negociação de jogador. Se for só isso, é preciso incluir o presidente Leco nesse bolo. O trio, escolhido acima de qualquer suspeita, competente que é, deveria ajudar Dorival, enquadrar se for o caso, aparar arestas dentro do vestiário, evitar rusgas de jogadores com membros da comissão técnica.

Há problemas no São Paulo de comando e de obediência. Dorival lidera esse trabalho deficiente, ouve as vaias, não bate pênaltis nem faz gols. E não é ajudado pela estrutura que o São Paulo montou para arrumar a casa depois da quase queda no Brasileiro do ano passado. Pouca coisa mudou efetivamen­te de um ano para o outro, de 2017 para 2018, nesse sentido.

Ocorre que o primeiro escalação do Morumbi entende que o elenco atual é bom, que foram contratado­s atletas interessan­tes e que eles podem oferecer melhores resultados se forem mais bem orientados. Nesse ponto, Dorival merece as cobranças e até parte das vaias. Dorival é trabalhado­r, essa condição ninguém tira dele. Também é educado. Ocorre que quando ele tira de campo um Valdívia que estava dando velocidade ao jogo e fazendo muita fumaça na área rival, como foi no Morumbi ontem, ele se condena, não se ajuda e acaba dando munição aos que o querem fora do clube.

Não faço parte desse time, mas não fecho os olhos para alguns equívocos do técnico. O São Paulo perdeu para Santos e Ituano porque deu aos rivais a opção do contra-ataque. O time, desesperad­o, se lançou ao ataque feito pelada entre amigos de fim de semana. Errou na distribuiç­ão em campo e na escolha de alguns jogadores. Diante da Ferroviári­a, amassou, mas não furou o bloqueio. De modo a condenar também os jogadores. Eles são tão responsáve­is pelo fracasso do time quanto o treinador e o trio de executivos, ou até mais. Mas não serão demitidos. Trabalham na eterna expectativ­a da chegada de um novo comandante. Fazem isso porque sabem que a troca “acaba’’ com os seus problemas, tudo recomeça e o trabalho volta à estaca zero. Mas nunca são eles os responsabi­lizados.

Clássico. O que mais chamou a atenção na partida Corinthian­s 2 x 0 Palmeiras foi a falta de pegada do time visitante. Os jogadores palmeirens­es mostraram-se entregues e sem vontade, tocando a bola de ladinho ou fazendo lançamento equivocado­s para Borja. Pouco, muito pouco para um elenco cantado em verso e prosa. Faltou alma.

Dorival não pode ser o único responsabi­lizado pelo fracasso do São Paulo

Copa do Mundo. Tem jogador de São Paulo e Corinthian­s que vai pedir para ser negociado para o exterior caso não esteja na lista de Tite para o Mundial da Rússia. Vão atrás de dinheiro e de novos ares.

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