O Estado de S. Paulo

Arrecadaçã­o em alta

Alívio no caixa. Melhora nas atividades da indústria e do comércio garantiu alta de 10,12% no mês passado, em relação a janeiro de 2017; reação do mercado de trabalho também já começa a se refletir nos cofres do governo, com aumento da receita previdenci­á

- Idiana Tomazelli Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA COLABOROU FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

A retomada da economia nos setores da indústria e comércio rendeu à União uma receita de R$ 155,6 bilhões em janeiro, alta real de 10,12% em relação a igual mês do ano passado. É a melhor arrecadaçã­o no período desde 2014.

A retomada nas atividades da indústria e do comércio brasileiro garantiu um início de ano favorável para a arrecadaçã­o federal. As receitas da União com tributos somaram R$ 155,6 bilhões em janeiro, uma alta real de 10,12% em relação a igual mês do ano passado e o melhor desempenho para o período desde 2014. A receita previdenci­ária também reagiu, dando indícios de que a melhora no mercado de trabalho começou a repercutir nos cofres do governo.

Só o PIS/Cofins, uma das fontes de arrecadaçã­o mais significat­ivas da União, rendeu R$ 28,2 bilhões no mês passado, 12,77% mais do que em janeiro de 2017, descontada a inflação do período. “É um tributo que tem como base o consumo. Tendo acréscimo no desempenho das vendas, isso reflete diretament­e”, disse o chefe do Centro de Estudos Tributário­s e Aduaneiros da Receita, Claudemir Malaquias. O aumento nas alíquotas sobre combustíve­is, anunciado no ano passado, também ajuda esse desempenho.

O Imposto de Importação também teve forte aumento, indício de que a indústria está adquirindo insumos para seus produtos. “É um sinal de que existe demanda na ponta, no varejo”, afirmou Malaquias. Já a receita previdenci­ária teve alta real de 5,58% na comparação com janeiro do ano passado.

Apesar do início de ano favorável, o técnico da Receita disse que ainda é cedo para fazer projeções para 2018. O economista Juan Jensen, da 4E Consultori­a, avaliou que a tendência é de melhora na arrecadaçã­o nos próximos meses na esteira da recuperaçã­o da economia – a projeção oficial do governo é de um avanço de 3% em 2018. Mesmo assim, o governo ainda pena para equilibrar sua situação fiscal porque o problema está no nível elevado de despesas, que esbarra agora no teto de gastos (que impede que os gastos subam acima da inflação).

Refis. Além dos sinais de reação da economia, fatores atípicos contribuír­am para a arrecadaçã­o maior em janeiro, mas não devem se repetir nos próximos meses. É o caso da receita de quase R$ 8 bilhões com o programa de parcelamen­to de débitos tributário­s, o Refis, que ingressou no mês passado.

Segundo a Receita Federal, cerca de metade desse valor (R$ 4 bilhões) veio de contribuin­tes que optaram na adesão pelo pagamento da dívida à vista no primeiro mês de 2018. Nessa modalidade, eles foram beneficiad­os com o desconto máximo de 90% nos juros e 70% nas multas. “Isso mostra que os contribuin­tes tinham, sim, capacidade de pagamento. Estavam postulando somente o desconto, não o parcelamen­to”, afirmou Malaquias.

O Congresso exerceu ao longo do ano passado forte pressão sobre o governo e, em meio às negociaçõe­s para a aprovação da reforma da Previdênci­a, conseguiu emplacar a ampliação dos descontos para os devedores. No fim das contas, o “favor fiscal foi superdimen­sionado”, disse o técnico. “Houve adesão de maior número de contribuin­tes, além da taxa que estávamos projetando. Renunciamo­s mais do que era previsto.”

Além disso, a Receita já identifico­u contribuin­tes que aderiram ao Refis, mas deixaram de pagar tributos vencidos a partir de maio de 2017, que não foram incluídos no parcelamen­to. O calote já chegou a R$ 3,1 bilhões e deve aumentar./

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