AUXÍLIO PARA O ‘RELATOR DE PENDURICALHO’
Rubens Bueno (PPS-PR) mora em apartamento da mulher e ganha adicional de R$ 4.253 por mês
Odeputado Rubens Bueno (PPS-PR), relator do projeto que pretende limitar “penduricalhos” de servidores, recebe auxílio-moradia de R$ 4.253 mensais da Câmara mesmo morando no apartamento da mulher em Brasília. Procurado, anunciou que abriria mão do benefício.
Relator do projeto que regulamenta o teto remuneratório, que pretende limitar os “penduricalhos” nos salários de servidores, o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) recebe auxílio-moradia de R$ 4.253 mensais da Câmara dos Deputados, mesmo morando em um apartamento que pertence à mulher dele em Brasília.
Procurado ontem, o deputado negou constrangimento com a situação. “Não fico (constrangido) porque o patrimônio é dela, não é meu”, disse ao Estadão/Broadcast. No momento do contato da reportagem, o deputado disse que ainda avaliaria “nesse final de mês” se abdicaria do auxílio. Cerca de duas horas depois, distribuiu comunicado à imprensa informando ter protocolado ofício na Câmara renunciando ao benefício.
O imóvel em que o deputado confirmou morar na capital federal é um apartamento de 44,96 m2 de área privativa no Setor Hoteleiro Norte, em Brasília, a menos de 10 minutos de carro do Congresso. A área total que consta no registro é de 72,30 m2. O imóvel tem valor declarado de R$ 400 mil e está no nome de Rosemaria Eitelwein Bueno, com quem o parlamentar é casado. Há ainda uma vaga de garagem, registrada pelo valor de R$ 60 mil.
Bueno disse repassar à mulher o valor recebido em auxílio-moradia, já que ela é a dona do imóvel. O apartamento foi adquirido em setembro de 2015 e não constava na declaração de bens à Justiça Eleitoral feita pelo então candidato no ano anterior.
Na declaração de 2014, consta um apartamento no Complexo Ilhas do Lago, em área nobre de Brasília, no valor de R$ 980 mil – que Bueno diz ter vendido. Não consta registro desse imóvel em nome do deputado ou de sua mulher.
A informação de que Bueno recebe auxílio-moradia mesmo tendo imóvel em Brasília tem gerado desconforto entre técnicos que trabalham no projeto do teto remuneratório e motivou cobranças internas. Isso porque o benefício é um dos que estão na mira da comissão especial que analisa o tema.
Em setembro do ano passado, o próprio relator havia declarado à reportagem que não temia a pressão de categorias do funcionalismo que desejam manter vantagens de fora do limite salarial. “Onde houver privilégio e abusos, vamos enfrentar”, disse à época.
Os auxílios têm sido usados pelos órgãos públicos para turbinar a remuneração dos servidores fora da alçada do teto remuneratório, que limita os vencimentos mensais ao salário de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), hoje de R$ 33,7 mil. Diante da necessidade de controlar gastos, o governo passou a tratar como prioritária a regulamentação do teto.