O Estado de S. Paulo

Planalto liga trocas nos ministério­s a projeto eleitoral

Presidente vai vincular mudanças nas pastas a comprometi­mento de siglas a apoiar candidato do governo nas eleições

- Igor Gadelha Carla Araújo / BRASÍLIA

O presidente Michel Temer vai vincular as trocas na reforma ministeria­l, em março, ao projeto eleitoral do Planalto e do MDB, seu partido. As legendas que hoje têm cadeira na Esplanada só poderão indicar substituto­s caso se comprometa­m a apoiar o candidato defendido por Temer – ele próprio ou outro do mesmo grupo político.

Segundo pelo menos duas pessoas que estiveram com Temer nos últimos dias, o presidente não quer que as pastas sejam comandadas por secretário­s executivos, como gostariam muitos dos atuais titulares, apenas para atender aos ministros que sairão para disputar o pleito. O presidente avisou que gostaria de ter “nomes de peso” para dar credibilid­ade ao seu governo. Exige, porém, que os novos titulares das pastas estejam alinhados ao projeto do Planalto para a sucessão de Temer. Nas palavras de um emedebista próximo ao presidente, não pode ser “cada um por si”.

Temer conversou com seus principais auxiliares sobre o assunto ontem. Ele determinou que o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, coordene as conversas com os partidos e colha sugestões de nomes para os substituto­s. O presidente avisará às legendas que elas poderão indicar os nomes, mas a decisão final será dele.

“Os ministros e os partidos serão ouvidos, porque entendemos que todos estão fazendo um bom trabalho nos ministério­s onde exercem suas funções. Mas a palavra final a respeito de tudo isso será do presidente da República”, afirmou o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun.

Pela estratégia de Temer, o PR, por exemplo, pode perder o Ministério dos Transporte­s caso indique um apoio à eventual candidatur­a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Integrante­s

da sigla já discutem quem indicar para a sucessão do atual titular, Maurício Quintella, que deixará o cargo para tentar reeleição para deputado

ou vaga no Senado por Alagoas. Um dos nomes na mesa é o de Deusdina dos Reis Pereira, que foi destituída, em janeiro, pelo Conselho de Administra­ção da Caixa da vice-presidênci­a de Fundos de Governo e Loterias do banco por suspeita de ter praticado tráfico de influência.

Temer quer fechar todas as mudanças ministeria­is até o fim de março. Pela legislação eleitoral, os ministros que serão candidatos devem deixar o governo até 7 de abril. Oito ministro devem deixar o cargo. A conta não inclui o titular da Fazenda, Henrique Meirelles, que ainda tenta viabilizar sua candidatur­a presidenci­al.

Kassab. Com a decisão de Temer de vincular as trocas ministeria­is às eleições, o ministro Gilberto Kassab (Comunicaçõ­es) afirmou ontem que o PSD, sigla que comanda, tem preferênci­a pela candidatur­a do governador Geraldo Alckmin (PSDB), mas esse apoio poderá ser rediscutid­o caso o presidente tente a reeleição.

“O PSD tem como premissa que Temer não será candidato, pois é evidente que, sua candidatur­a existindo, seu nome seria imediatame­nte incluído nas discussões do partido.”

A preferênci­a do PSD por Alckmin tem uma razão: o partido fechou acordo com o PSDB em São Paulo para indicar o candidato a vice-governador do Estado na chapa encabeçada por um tucano. O candidato a vice é o próprio Kassab.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO Evento. Michel Temer participou ontem de cerimônia do Tribunal Superior do Trabalho

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