Chineses se unem à nova era dos homens fortes
Houve uma época na qual um líder chinês que se estabelecesse como governante para toda a vida teria causado condenação internacional por rejeitar a tendência global por mais democracia. Agora, tal ação parece estar totalmente em consonância com os avanços de muitos países na outra direção.
A divulgação, no domingo, de que o Partido Comunista acabaria com o limite dos mandatos presidenciais – permitindo que o presidente Xi Jinping lidere a China indefinidamente – foi o sinal mais recente da inclinação do mundo para o autoritarismo. A lista inclui Vladimir Putin, da Rússia, Abdel Fattah al-Sissi, do Egito, e Recep Tayyip Erdogan, da Turquia. O autoritarismo também reapareceu em lugares como Hungria e Polônia, que há quase 25 anos se libertaram da opressão soviética.
Há muitas razões para tais movimentos da parte de Xi – incluindo a proteção de seu poder e privilégios, terrorismo e guerra, amplificados por novas tecnologias –, mas um dos motivos mais significativos é que poucos países têm a autoridade para falar abertamente sobre isso. “Ou seja, quem o punirá internacionalmente agora?”, indagou Susan Shirk, especialista em China da Universidade da Califórnia.
Ela e outros especialistas descrevem tal “reversão autoritária” como um contágio global que minou a fé de forjar democracias liberais e economias de mercado como o caminho mais seguro para a prosperidade e a igualdade. Quase ninguém teria descrito a China como genuinamente democrática. Mesmo assim, a jogada de Xi encerrou um período de liderança coletiva e com mandato limitado, iniciado por Jiang Zemin, que ocupou o mesmo cargo, de 1993 a 2003, que muitos acreditavam que levaria a China para o domínio da lei e abertura.