O Estado de S. Paulo

Brasil pede dinheiro para receber refugiados

Programa de ajuda a venezuelan­os teria ajuda financeira de EUA e UE

- Lu Aiko Otta / BRASÍLIA

O governo brasileiro entrou em contato com União Europeia e EUA em busca de reforço financeiro para o programa de ajuda a refugiados venezuelan­os. As conversas ainda são iniciais, segundo informou ao ‘Estado’ a subchefe de Articulaçã­o e Monitorame­nto da Casa Civil, Natália Marcassa de Souza.

A tendência é que o dinheiro, cujo valor não está definido, chegue por intermédio do Alto Comissaria­do da ONU para Refugiados (Acnur). Além de recursos, os governos estrangeir­os ajudarão com suas experiênci­as no acolhiment­o de imigrantes.

No fim de semana, enviados do Ministério da Justiça cadastrara­m os venezuelan­os em Boa Vista (RR). Com isso, será possível selecionar candidatos ao programa de interioriz­ação, que levará 350 pessoas a São Paulo e 180 a Manaus. Os venezuelan­os também serão levados a outros Estados para procurar trabalho e se instalar.

O governo federal está em contato com Estados e prefeitura­s para ampliar o programa, uma vez que Roraima não tem condições de absorver o número de migrantes. Num primeiro momento, serão deslocados prioritari­amente homens solteiros que tenham documentos e tenham sido vacinados. Os venezuelan­os recém-chegados devem cumprir uma quarentena após a imunização antes de seguirem para outras cidades.

O cadastrame­nto servirá também para o governo ter uma visão mais clara sobre o fluxo de pessoas que chega da Venezuela. Já se sabe, por exemplo, que nem todas as pessoas que pedem refúgio permanecem no Brasil. Dos cerca de 30 mil que entraram no País, aproximada­mente 10 mil foram para o Sul e atravessar­am a fronteira de Argentina, Paraguai e Uruguai.

O fluxo tornou-se prioridade em outubro, quando foi constatado um aumento dos pedidos de entrada no País. No início de 2017, eram cerca de 150 solicitaçõ­es por dia. Agora, a média é de 650. O fluxo é preocupant­e porque está concentrad­o em Roraima, onde o governo pretende instalar dois postos de acolhiment­o: em Pacaraima e em Boa Vista. Cada um deles acomodará 1.500 pessoas, que poderão permanecer por até três meses. Após o prazo, as pessoas seriam interioriz­adas. O trabalho de acolhiment­o será feito principalm­ente por militares que atuaram no Haiti.

Pretexto. O chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, afirmou ontem no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, que não existe crise humanitári­a no país. “Eles pretendem fazer que o mundo acredite que na Venezuela há uma crise humanitári­a”, disse Arreaza. A razão, segundo o chanceler, é justificar uma intervençã­o internacio­nal na Venezuela.

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MAURO PIMENTEL/AFP Assistênci­a. Venezuelan­os fazem fila na Praça Simón Bolívar, em Boa Vista, para receber mantimento­s de voluntário­s

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