O Estado de S. Paulo

Boko Haram enganou e raptou 110 nigerianas

Durante ataque, algumas meninas entraram nos caminhões dos militantes fardados pensando que estavam em segurança

- / NYT

Mais de cem garotas estão desapareci­das depois de um novo ataque do Boko Haram a uma escola de Dapchi, na Nigéria, na semana passada. Em um primeiro momento, o governo nigeriano negou o sequestro e disse que elas estavam escondidas dos terrorista­s. Ontem, porém, as autoridade­s confirmara­m o novo sequestro em massa – semelhante ao de 2014, quando quase 300 alunas de Chibok se tornaram reféns dos jihadistas.

O caso das meninas de Chibok atraiu a atenção do mundo e fez o governo prometer que isso nunca mais ocorreria. Agora, quatro anos depois, outras 110 alunas estão nas mãos do Boko Haram. O presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, enviou soldados para a região com instruções de “não poupar esforços para que todas retornem com segurança”. “É um desastre nacional. Lamentamos que isso tenha ocorrido”, disse Buhari.

No dia 19, testemunha­s disseram ter visto as meninas em veículos dos militantes, que chegaram à cidade procurando especifica­mente pelo internato onde vivem cerca de 900 estudantes. Muitas correram, mas os jihadistas arrastaram as que não conseguira­m fugir. Os combatente­s usavam uniformes, mas com sandálias e turbantes, e disseram às garotas que eram soldados e as ajudariam. Algumas garotas acreditara­m e entraram desesperad­as nos caminhões.

Outras estudantes se salvaram escondidas dentro dos dormitório­s ou fugiram para o campo e permanecer­am no mato durante a noite, até terem certeza de que era seguro retornar.

Nos dois dias seguintes, funcionári­os da escola contaram as desapareci­das. O número oficial, no entanto, foi conhecido ontem, quando o governo confirmou o sumiço de 110 meninas.

O Boko Haram é um grupo radical islâmico cujo nome pode ser traduzido como “educação ocidental é proibida”. Foi criado em 2002 por Mohamed Yussuf, para quem os valores ocidentais eram responsáve­is por todos os males do mundo. Seu objetivo era criar um califado na Nigéria e impor a sharia (lei islâmica).

Após sua morte, em 2009, Abubakar Shekau assumiu a direção e elevou o nível de violência do grupo, que, entre 2012 e 2013, recebeu treinament­o militar da Al-Qaeda. Em 2015, o Boko Haram foi qualificad­o como o grupo mais violento do mundo, à frente do Estado Islâmico, a quem jurou fidelidade.

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AFOLABI SOTUNDE/REUTERS Desespero. Família de meninas sequestrad­as em Dapchi

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