Gasto de turistas no exterior volta ao patamar pré-crise
Brasileiros gastaram 26,8% mais nas viagens internacionais em janeiro, retomando a marca de R$ 2 bi ao mês, de antes de 2015
Mesmo com a reação ainda incipiente da economia, brasileiros estão voltando a tirar o passaporte da gaveta. Dados do Banco Central mostram que os gastos de turistas no exterior aumentaram 26,8% em janeiro na comparação com o ano anterior e voltaram ao patamar de US$ 2 bilhões por mês. A melhora do emprego e da renda estão por trás dos novos planos de férias dos turistas nacionais.
A reação do turismo começa a aparecer de forma mais evidente nos indicadores do BC. Em janeiro de 2018, a conta paga por turistas em passeio em outros países saltou 138% na comparação com o observado em igual mês dois atrás – meses antes do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Com essa rápida reação, as cifras retornaram ao patamar visto entre os anos de 2012 e 2015, quando a média mensal de gastos superava US$ 2 bilhões.
“A conta de viagens se aproxima de se transformar no maior déficit da conta de serviços”, disse o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha. O técnico explicou que, com a reação modesta do investimento, as viagens internacionais devem rapidamente se transformar na principal razão do déficit da conta de serviços. Normalmente, esse posto era ocupado pela conta de aluguel de equipamentos.
Diretamente ligado ao investimento das empresas, esse valor ainda resiste em reagir pela confiança ainda modesta do empresariado.
O aumento da renda disponível, da massa salarial e do emprego são as razões para o crescimento dos embarques de brasileiros ao exterior. “Vimos isso ao longo de 2017. Em geral, houve recuperação desses indicadores”, disse Rocha.
Reação. Empresas aéreas estão reagindo. Nos últimos meses, companhias anunciaram novos voos como os inéditos de São Paulo para Las Vegas e Boston, nos Estados Unidos, além do segundo voo diário entre a capital paulista e Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Outras regiões brasileiras também ganharam frequências, como Brasília e Fortaleza, com voos para Miami e Orlando.
Apesar desse aumento do rombo causado pelos turistas, Rocha não demonstra preocupação com o fenômeno porque o déficit de todas as transações do Brasil com o exterior está em nível baixo e financiado pelos investimentos produtivos enviados ao País. “Temos o menor déficit externo desde 2007.”
Em janeiro, as contas externas surpreenderam positivamente porque empresas brasileiras com filiais no exterior enviaram mais lucros às sedes que o esperado.
O mês terminou com déficit de US$ 4,31 bilhões, o menor para o mês desde 2009. Segundo o BC, filiais de firmas nacionais enviaram US$ 1,512 bilhão às sedes, bem acima dos US$ 204 bilhões de janeiro de 2017. “Com a economia global em recuperação e o aumento do estoque de investimentos brasileiros no exterior, é razoável esperar que esse montante de lucros aumente”, disse Rocha.