O Estado de S. Paulo

Desfiles de Milão fogem da mesmice

Estilistas investem em espetáculo­s com direito a drones, efeitos especiais e coleções que levantam a plateia

- Maria Rita Alonso

A monotonia dos desfiles nos quais as modelos vêm e vão com cara de chateadas acabou. Pelo menos foi assim em Milão, onde os grandes estilistas decidiram pensar fora da caixa e fugir da mesmice. No domingo, último dia de desfiles de outono/inverno da temporada italiana, seis drones surgiram carregando as bolsas da Dolce & Gabbana em mais um encontro entre moda e tecnologia.

À noite, encerrando a semana, Tommy Hilfiger apresentou o seu espetáculo teatral em uma mini pista de corrida armada no centro de convenções Fiera Milano. Enquanto isso, os fãs da Prada, da Gucci e da Versace ainda debatiam nas redes sociais quem tinha feito o melhor show – como se fossem torcidas organizada­s.

Nesta temporada, ficou claro que a moda italiana não tem só clientes, tem fãs. O tema da coleção da Dolce & Gabbana, inclusive, foi esse: Fashion Devotion. Na primeira fila, convidados devotos viram passar 110 looks, nos quais o exagero de estampas bizantinas, brocados e florais encontrava­m camisetas ostentando frases como “santa moda” e “fashion sinner” (pecador da moda).

Para a plateia sempre animada da dupla de estilistas, cada look causava um suspiro (acompanhad­o de um flash), além de aplausos entusiasma­dos como se fosse uma partida de futebol.

As coleções, cada vez mais sofisticad­as e elaboradas, no entanto, muitas vezes ficam em segundo plano. Para os “pradistas”, por exemplo, já não importa tanto o que Miuccia Prada coloca na passarela – sua legião é tão fiel que a estilista sempre acaba ovacionada.

A turma da Versace, então, faz da primeira fila uma extensão da passarela, reproduzin­do o estilo de Donatella com peças coladas ao corpo, saltos superaltos, máxi rabos de cavalo e todos os signos da moda sexy que a marca cultiva há décadas. A comoção segue com Giorgio Armani, designer que também personific­a sua marca com muita identidade e singularid­ade.

“Hoje, o espetáculo é mais sobre alcançar as pessoas através das redes sociais do que de qualquer outra coisa”, diz o norteameri­cano Tommy Hilfiger, que está fazendo uma turnê global (já desfilou em Nova York, Los Angeles e Londres) e desta vez aterrissou em Milão, encerrando temporada.

O desfile, inspirado no universo da Formula 1, foi um verdadeiro show, com a supermodel­o Gigi Hadid, que assina parte da coleção em parceria com o estilista, levando a plateia calorosa a loucura. A próxima parada é Paris. Mas será difícil repetir o sucesso de público por lá – até porque na França todo mundo é bem mais blasé.

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ALESSANDRO GAROFALO/REUTERS Tecnologia. Bolsas da grife Dolce & Gabbana apareceram voando na passarela

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