O Estado de S. Paulo

Mr. Miles como guia? Who knows?

- miles@estadao.com

Quem conhece nosso correspond­ente há muitos anos sabe como ele sempre foi infenso a novas tecnologia­s. Só trocou a caneta tinteiro pela máquina de escrever muitos anos depois do surgimento dos laptops. Costumava chamar os telefones celulares de besouros infernais e dizia que, no future, “os homens nasceriam com dedos finos como as patas de um gafanhoto e a boca próxima da orelha, para facilitar o uso dessas engenhocas”. Pois bem: Mr. Miles está cada dia mais moderninho e acaba de criar seu próprio perfil no Instagram. “Dizia-me Winston (N.da.R.: Churchill, grande

estadista inglês) que ‘os que nunca mudam de opinião não são capazes de mudar coisa alguma’. Therefore, rendo-me ao fato de que as pessoas,

nowadays, gostam mais de olhar suas telinhas do que as pessoas que mais amam. Garanto, however, que aos emojis não me rendo jamais!” Em tempo: o Instagram de Mr. Miles é @mrmilesofi­cial.

A seguir, a pergunta da semana:

• Prezado Mr. Miles: acompanho o senhor desde o início de sua coluna no Estadão e não perco uma. Como o homem mais viajado do mundo, e um legítimo lorde inglês com tanto a nos mostrar nunca pensou em levar um grupo a visitar suas origens? Pergunto porque estou viciada na série Outlander e adoraria participar de uma expedição pela Escócia. E como sonhar não custa nada, quem sabe capitanead­a pelo homem mais viajado do mundo? Marcela Camargo, Curitiba, PR “Well, my dear: eis uma ideia que nunca me havia ocorrido. Why not? É de conhecimen­to geral o fato de que adoro contar histórias e relembrar passagens dessa minha intense jornada como viajante. A Escócia, by the

way, continua sendo parte de nossas ilhas, por mais teimosos que sejam alguns separatist­as provincian­os. Ou seja: a sua história também é a nossa – com ligeira diferença de versões, of course. Sua bebida nacional, o uisguebeat­ha, hoje chamado simplesmen­te de whisky, é, de forma indesmentí­vel, um prazer universal – compartilh­ado, besides, por mim e pela minha querida mascote Trashie.

A Escócia, as well, tem lindos castelos, inclusive o de Balmoral, onde já estive dezenas de vezes aconselhan­do informalme­nte minha querida rainha Elizabeth II. E lagos, que alguns dizem abrigar monstros pré-históricos, sobretudo depois de terem feito várias degustaçõe­s nas destilaria­s das Highlands. Há, é claro, aqueles senhores que se vestem com saias coloridas. Não é de meu gosto pessoal, mas há longas tradições que justificam tal anomalia vestimenta­r.

Em uma viagem como essa talvez eu pudesse contar aos meus seguidores (reais, of course) que, geologicam­ente, a parte norte das Highlands pertence ao continente americano – enquanto o lado sul é legitimame­nte europeu. Mas esses são apenas detalhes divertidos que eu contaria caso isso ocorresse. No momento, I’m

sorry to say, essa ideia não passa de uma simpática brincadeir­a.

Anyway, há algumas coisas que me preocupam em tal empreitada. For

instance: qual seria a minha reação se, ao conduzir a plateia, alguém ousasse prestar atenção ao telefone celular? Tenho medo de tornar-me truculento ou ofender-me mortalment­e. E explico: nada me soa tão desrespeit­oso quanto dar atenção a uma pessoa ausente, enquanto outra – presente – lhe dirige a palavra. Também tenho aquela velha superstiçã­o,

I’m afraid: não gosto de ser fotografad­o. Em outra ocasião, volto a lhes contar a razão dessa ‘crendeiric­e’, que muitos de vocês já conhecem.

Se, apesar de tudo isso, alguém quiser os préstimos de conhecimen­to desse viandante, estou às ordens. Com mais uma pequena ressalva: Mr. Miles não carrega guarda-chuvas ou placas coloridas para ordenar seu rebanho. Unfortunat­ely, muitos falsos profetas começaram assim.”

É O HOMEM MAIS VIAJADO DO MUNDO. ELE ESTEVE EM 183 PAÍSES E 16 TERRITÓRIO­S ULTRAMARIN­OS. SIGA-O NO INSTAGRAM: @MRMILESOFI­CIAL.

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ANDREW MILLIGAN/REUTERS
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