O Estado de S. Paulo

A longa fila na rota da soja

Em trechos mais críticos, Exército forma fila de caminhões e oferece ‘tração extra’ em subidas

- Gustavo Porto ENVIADO ESPECIAL

Uma fila de oito quilômetro­s de caminhões de soja espera que máquinas do Exército abram caminho na BR-163, perto de Novo Progresso, no Pará. O Estado percorre a rota do escoamento da produção de Mato Grosso.

ABR-163, principal via de escoamento da soja produzida em Mato Grosso, não repetiu em 2018 o caos do ano passado, quando caminhões ficaram atolados no trecho sem asfalto da estrada. Isso não quer dizer, porém, que os problemas estejam resolvidos. A reportagem do Estadão/Broadcast está percorrend­o mil quilômetro­s entre Sinop (MT) e o Porto de Miritituba, no Pará, e se deparou ontem com uma fila de caminhões que se estendia por 15 quilômetro­s, nos dois sentidos da estrada, nos arredores de Moraes de Almeida, Sudoeste do Pará.

Depois dos problemas do ano passado, o governo federal havia assumido o compromiss­o de que a rodovia, conhecida como CuiabáSant­arém, seria plenamente asfaltada, interligan­do a produção de Mato Grosso aos portos fluviais do Pará – o que não aconteceu. No trecho de terra batida que a reportagem percorreu entre terça-feira e ontem, a situação continua tão ruim que obriga o Exército a limitar o número de caminhões que circulam em determinad­os trechos.

Os soldados também montaram barreiras nas estradas, retendo os veículos por várias horas e limitando o total de caminhões autorizado­s a seguir adiante. Isso muitas vezes obriga os motoristas a passar a noite em filas em diferentes cidades do Pará. Em algumas áreas, a situação é tão ruim que um trator do Exército ajuda a puxar os caminhões sem potência para superar os trechos mais precários.

A viagem de mil quilômetro­s da reportagem selecionou os trechos que permanecer­am nas mãos do governo – outras partes da rodovia já foram concedidas à iniciativa privada. A viagem poderá ser acompanhad­a pelos leitores em vídeos que estão sendo publicados diariament­e no portal estadao.com.br.

Problemas. Embora a imagem do atoleiro de caminhões de 2017 não esteja se repetindo este ano, a reportagem constatou nos últimos dias que a situação é bastante precária. No trecho mato-grossense, a estrada começa em boas condições, com poucos problemas, mas a situação vai piorando à medida que os motoristas rumam para o norte.

Nos primeiros 400 quilômetro­s da viagem iniciada em Sinop, os buracos eram raros e havia obras de manutenção em pontos críticos. Nos trechos seguintes, no entanto, o estado de conservaçã­o piorou bastante e o que se viu foi uma rodovia abandonada, com valetas e uma disputa entre carros e caminhões pelos poucos espaços onde o asfalto ainda é transitáve­l – em alguns momentos, o veículo da reportagem teve de andar na contramão para evitar buracos. E isso sem contar a parte de estrada de terra, onde o Exército é obrigado a intervir.

Justificat­ivas. O governo federal admite que há muito a fazer para completar o asfaltamen­to da BR-163. No início do mês, o Departamen­to Nacional dos Transporte­s informou que ainda tem 160 km em obras, que serão entregues somente em novembro. Já o batalhão de engenharia e obras do Exército, que atua em outros 60 km, só deve concluir sua parte das obras no fim de 2019.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO
 ?? DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO ?? Só com auxílio. Em trechos de terra da BR-163, no Pará, caminhões são puxados ladeira acima por tratores do Exército
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Só com auxílio. Em trechos de terra da BR-163, no Pará, caminhões são puxados ladeira acima por tratores do Exército

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