O Estado de S. Paulo

Operação investiga MPs de rodovias

Lava Jato apura favorecime­nto a concession­árias na edição de medidas provisória­s que prorrogam concessões e beneficiar­iam empresas

- Julia Affonso Fausto Macedo Luiz Vassallo Ricardo Brandt ENVIADO ESPECIAL / CURITIBA

A Operação Integração, deflagrada na semana passada pela Policia Federal, levou o Ministério Público Federal a investigar a edição de medidas provisória­s (MPs) que prorrogam concessões de rodovias ou concedem benefícios para o setor. As forças-tarefa do MPF em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro apuram suspeitas de corrupção e favorecime­nto a concession­árias na edição de duas MPs publicadas em 2016 e 2017.

Nessa nova frente, em fase inicial, o MPF investiga a edição de uma medida provisória que prorrogou concessões federais do Anel da Integração, no Paraná, a MP 752/2016, e a edição da MP 800/2017, que renegociou contratos de concession­árias do Centro-Sul.

A MP 725 foi convertida em lei (13.448/2017), enquanto a que renegociou contratos de concession­árias do Centro-Sul beneficiou a BR-163, a principal rota de grãos do País, rodovia administra­da por uma concession­ária da Odebrecht e unidades da CCR.

Estão sendo investigad­as conversas entre executivos das empresas e da Associação Brasileira de Concession­árias de Rodovias (ABCR) com o governo federal. O ex-ministro dos Transporte­s Cesar Borges (governo Dilma), presidente da ABCR desde 2016, é citado nos autos. Borges, porém, não é alvo da investigaç­ão.

A apuração do MPF parte da quebra do sigilo dos e-mails do presidente da Econorte, Hélio Ogama. Segundo os procurador­es, em outubro de 2016, diretores das concession­árias de pedágio do Paraná receberam mensagens com o conteúdo da denominada MP das “prorrogaçõ­es das concessões”.

O e-mail circulou, segundo o MPF, de uma funcionári­a do Ministério do Planejamen­to, para funcionári­os da Presidênci­a da República, para o ex-presidente da ABCR João Chiminazzo Neto, para Cesar Borges e para executivos de cinco concession­árias do Anel da Integração.

Em mensagem anexada nos autos, o administra­dor da Viapar, do Grupo CCR, José Camilo Carvalho, escreve sugestões de modificaçã­o do texto da MP “para atender os interesses específico­s das concession­árias do Paraná”.

Para o procurador da República Diogo Castor de Mattos, “o lobby muito grande em relação a MP das prorrogaçõ­es”, a edição da MP 752 de 2016, levantou suspeitas do MPF.

“O texto dela circulou entre os administra­dores dessas seis concession­árias (dos Anel de Integração) muito antes da edição, para sugestões. Esse fato demanda aprofundam­ento investigat­ivo no sentido de qual é o envolvimen­to dessas empresas na aprovação dessa Medida Provisória, depois convertida em lei”, afirmou Mattos.

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JORGE WOLL/ANPR–15/2/2017 Alvo. Estradas do Paraná entram na mira da Lava Jato

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