Jovens estão desiludidos; aliança de Berlusconi é favorita.
Mais de 30% dos cidadãos com menos de 25 anos estão desempregados – taxa global é de 11%; coalizão de Berlusconi é favorita na votação de domingo
Como milhões de jovens italianos, Elio Vagali enfrenta opções de carreira que vão de mínimas a inexistentes. Aos 29 anos, ele fez limpeza em casas, colheu tangerinas e levantou pedras – quase sempre sem registro ou um contrato de tempo integral.
Para dar uma noção de seu desespero, o empregador dos seus sonhos é a usina de aço em ruínas que domina a vida de Taranto, decadente cidade no Mar Jônico. Para Vagali, ela acena como um portal para outra vida, que significa mudar-se do apartamento de seus pais. Só que a usina não está contratando. “Ou você conhece alguém, ou não entra”, diz com amargura.
Tudo isso ajuda a explicar por que Vagali e grande parte do eleitorado italiano está indiferente ou despreza a eleição que, no domingo, determinará quem dirigirá a quarta maior economia da Europa.
Quase 30% dos eleitores estão indecisos, segundo as pesquisas. A imprevisibilidade do resultado, em meio ao desgosto com a economia, aumentou o risco de que o resultado possa causar tumulto financeiro na Itália e trazer a ameaça de um novo choque para a Europa.
Os partidos antiestablishment estão atraindo apoio dos economicamente angustiados – especialmente o movimento populista 5 Estrelas, que lidera várias pesquisas. Como o 5 Estrelas já convocou a Itália a abandonar o euro como moeda, ele representaria para os líderes europeus um novo desafio à coesão do continente.
A maioria dos analistas duvida que o 5 Estrelas possa conquistar cadeiras suficientes na legislatura para formar um governo. O desfecho mais provável é uma coalizão liderada por um Silvio Berlusconi reabilitado e seu partido, Força Itália, depois de seus anos de desgraça por evasão fiscal e denúncias de bacanais. Surpreendentemente, ele se perfila como um antipopulista.
Mais de 32% dos italianos com menos de 25 anos continuam desempregados, enquanto a taxa global de desemprego é de 11%. Os jovens italianos veem a classe política como um fracasso, incapaz de remodelar uma economia na qual as elites mantêm casas de praia, carros luxuosos e guarda-roupas extravagantes, enquanto os outros estão às voltas com a estagnação. Eles também rejeitam pagar impostos para financiar pensões confortáveis, na certeza de que esses fundos estarão esgotados quando eles tiverem idade para se aposentar, dada a monumental dívida pública da Itália.
Enquanto jovens sonham com empregos, gigantes italianas investem em tecnologia. Em uma vasta unidade fabril fora de Bari, capital da Puglia, Francesco Divella, de 70 anos, preside o negócio de massas que traz o nome de sua família. Fundada por seu avô em 1895, a empresa se estende por seis fábricas e exporta um terço de suas mercadorias para 120 países. Desde a década de 80, a empresa quase quadruplicou sua produção, mas só dobrou o número de funcionários, atualmente 320. “Estamos voltados para a tecnologia”, diz Divella. “Podemos aumentar a produção sem adicionar pessoas.” /