O Estado de S. Paulo

Parte dos refugiados venezuelan­os prefere Roraima a São Paulo

Muitos imigrantes não querem ficar longe demais de suas famílias e têm esperanças de voltar à Venezuela

- Cyneida Correia ESPECIAL PARA O ESTADO BOA VISTA

O envio de mais de 500 venezuelan­os para os Estados de Amazonas e São Paulo não é um tema unânime entre os cerca de 40 mil imigrantes que estão em Roraima. Muitos não querem deixar a família ou ir para locais desconheci­dos.

Este é o caso de Carlo Juan, que trabalhava em uma universida­de antes de ir para Roraima quando a crise migratória na Venezuela piorou. Chegou sozinho e, pelo fato de ser formado na área de educação, entrou na lista dos que podem ser interioriz­ados. “Não quero ficar longe de minha família. Queria que o governo nos oferecesse condições de ficar na fronteira, pois um dia quero voltar ao meu país.”

O advogado venezuelan­o José Roniel Falcón é outro que acredita que a medida não vai reduzir o problema pelo qual estão passando. “Já estamos fragilizad­os por causa dessa opressão que nosso povo enfrenta. Quando os ministros nos visitaram prometeram novos centros de acolhiment­o, comida e medicament­os, mas, até agora, isso ficou somente na promessa. Não queremos nos separar de nossos parentes, gostaríamo­s de permanecer em Roraima.”

Segundo o advogado Carlos Nobre, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, a interioriz­ação fere a política migratória brasileira que estabelece garantia à igualdade de tratamento e de oportunida­de ao imigrante e a seus parentes.

O Coordenado­r Estadual de Defesa e Proteção Civil, Doriedson Ribeiro afirmou que os que não querem a interioriz­ação são minoria e nenhum venezuelan­o será obrigado a deixar o Estado.

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MAURO PIMENTEL/AFP Improviso. Venezuelan­o corta cabelo em rua de Boa Vista

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