O Estado de S. Paulo

May diz que proposta europeia ameaça território britânico

Primeira-ministra rejeita plano da UE, segundo o qual Irlanda do Norte permanecer­ia na união alfandegár­ia

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A primeira-ministra britânica, Theresa May, considerou a proposta europeia para que a Irlanda do Norte continue na união alfandegár­ia uma “ameaça à integridad­e do Reino Unido” que não pode ser tolerada.

“O rascunho que foi publicado pela Comissão Europeia, se aplicado, prejudica o mercado comum britânico e ameaça a integridad­e constituci­onal do Reino Unido”, afirmou May, alertando que “nenhum primeiromi­nistro jamais aceitará a proposta”.

A fronteira entre o território norte-irlandês e a República da Irlanda é um dos assuntos mais difíceis de resolver nas negociaçõe­s sobre a saída do Reino Unido da UE, pois um retorno às barreiras fronteiriç­as poderia pôr em perigo o processo de paz da Irlanda do Norte.

O governo de May e os partidos pró-britânicos rejeitam a ideia de sacrificar a Irlanda do Norte em nome da união aduaneira. A possibilid­ade é totalmente inaceitáve­l especialme­nte para o Partido Democrátic­o Unionista (DUP) da Irlanda do Norte, do qual May depende para governar, após ter perdido a maioria absoluta nas eleições gerais do ano passado.

O Partido de Independên­cia do Reino Unido, que ajudou a forçar a realização do plebiscito que decidiu o Brexit em 2016, acusou a UE de tentar “anexar” a Irlanda do Norte.

May voltou a descartar uma união alfandegár­ia – algo que seus opositores do Partido Trabalhist­a defendem como maneira de evitar controles prejudicia­is

na divisa irlandesa entre a UE e o Reino Unido.

Mais cedo, o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, afirmou que, se não for encontrada uma solução diplomátic­a ou técnica para manter a fronteira invisível, “a Irlanda do Norte, excluído o mar territoria­l do Reino Unido, será considerad­a parte do território alfandegár­io da UE”.

Segundo revelou a mídia local, o chanceler britânico, Boris Johnson, sugeriu a possibilid­ade de reintroduz­ir uma fronteira física entre as duas Irlandas após o Brexit.

O documento de 120 páginas – que poderá reavivar a tensão na Irlanda do Norte – traduz em linguagem jurídica os compromiss­os alcançados em dezembro com Londres a respeito de três questões-chave: a situação dos expatriado­s, a fatura da ruptura do Reino Unido com a UE e o futuro da fronteira irlandesa.

A minuta também determina as regras do jogo do período de transição que o Reino Unido deseja ter depois de sua saída do bloco europeu, prevista para o fim de março de 2019. O objetivo é evitar os efeitos que uma separação brusca poderiam causar.

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