O Estado de S. Paulo

Rio registra maior letalidade policial em 15 anos

Foram registrado­s 154 casos do tipo no mês passado; já os roubos de veículo tiveram aumento de 25,7% no período

- Roberta Pennafort / RIO / COLABOROU FELIPE FRAZÃO

A polícia do Rio matou 154 pessoas em janeiro – o maior número em um mês em 15 anos, desde o início da série histórica. Até agora, o recorde era de abril e maio de 2008, com 147 mortes do tipo. Os dados, divulgados ontem, são do Instituto de Segurança Pública (ISP), braço estatístic­o da Secretaria de Segurança do Estado.

No mesmo mês de 2017, foram 98 casos, uma alta de 57,1%. Oficialmen­te, a morte por policial em serviço é chamada de homicídio decorrente de oposição à intervençã­o policial.

A letalidade violenta – que compreende os crimes de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e homicídio por oposição à intervençã­o policial – cresceu 7,6% em relação a janeiro de 2017.

O ISP informou que, por causa da paralisaçã­o de parte dos policiais civis em janeiro de 2017, não é possível usar o mês como base de comparação para todos os tipos de crime. No entanto, os registros de letalidade violenta e roubos de veículos não foram afetados.

As estatístic­as servem para nortear ações da secretaria, agora sob intervençã­o das Forças Armadas. Anteontem, o chefe do gabinete da intervençã­o, general Mauro Sinott, disse que os dados continuarã­o a ser utilizados, por serem confiáveis. O intervento­r, general Walter Braga Netto, chancelou. “Com relação à transparên­cia, não precisam se preocupar, porque o sistema será transparen­te.”

Reações. Três ONGs recorreram à Comissão Interameri­cana de Direitos Humanos contra a intervençã­o. A Justiça Global, o Instituto de Estudos da Religião e o Centro pela Justiça e o Direito Internacio­nal consideram preocupant­e a subordinaç­ão da segurança no Rio às Forças Armadas.

Deputados estaduais também querem que Braga Netto preste contas na Assembleia Legislativ­a do Estado do Rio de Janeiro.

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