O Estado de S. Paulo

Pausa já esperada na recuperaçã­o do emprego

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O aumento do desemprego no trimestre compreendi­do entre novembro de 2017 e janeiro de 2018 foi efetivo, mas seria errado supor que houve uma forte deterioraç­ão do mercado de trabalho. Cabe entender melhor os indicadore­s da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), apontando para uma taxa de desemprego de 12,2%, comparada à de 11,8% no trimestre móvel anterior (outubro a dezembro de 2017) e superando as previsões dos especialis­tas.

Um aspecto importante é a base de comparação, pois os meses de dezembro e de janeiro são fracos para o mercado de mão de obra. Por isso, quando os números são submetidos a ajustes sazonais, constata-se que a queda foi menor.

Outro ponto relevante é que a população ocupada aumentou 2,1% comparativ­amente ao trimestre novembro de 2016/janeiro de 2017 – ou seja, persiste a tendência positiva de longo prazo, de abertura de postos de trabalho. Além disso, há estabilida­de na maioria dos números da última Pnad Contínua e ocorreu um leve aumento do rendimento real habitual.

O coordenado­r de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, deu ênfase à redução do ritmo de extinção de vagas com carteira assinada no País, mas admitiu que é longo o processo de retomada do mercado formal de trabalho.

O número de pessoas ocupadas atingiu 91,7 milhões e aumentou 1,8 milhão, comparativ­amente a um ano atrás. O avanço veio, em especial, dos empregados sem carteira assinada (mais 581 mil pessoas) e dos trabalhado­res por conta própria (mais 986 mil pessoas). A população desocupada ainda é de 12,7 milhões de pessoas.

Pelo critério de variação anual, o salário médio real aumentou 1,2% e a massa salarial real cresceu 3,6%. Na comparação entre o último trimestre móvel e o trimestre anterior, houve altas reais de 0,2% no salário e de 0,7% na massa salarial. Os analistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvi­mento Industrial (Iedi) dão ênfase ao cresciment­o da massa de rendimento­s para preservar a recuperaçã­o do consumo das famílias, que permitiu ao País sair da recessão em 2017.

Não basta, no entanto, reduzir inflação e juros. Isso ajuda muito, mas o desemprego alto ainda afeta a confiança das pessoas no mercado de trabalho e a disposição de consumir.

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