O Estado de S. Paulo

Venda de subsidiári­as da Eletrobrás afeta 6 mil empregados

Com privatizaç­ão, funcionári­os, contratado­s pela CLT, passarão a fazer parte do quadro da empresa compradora

- Anne Warth / BRASÍLIA

A privatizaç­ão das seis distribuid­oras da Eletrobrás vai afetar mais de seis mil trabalhado­res. Assim que as empresas forem leiloadas, os empregados deixarão de trabalhar para o setor público e passam a ser chefiados por uma empresa privada. A experiênci­a de outras estatais que foram privatizad­as mostra que isso significa planos de desligamen­to voluntário (PDVs), demissões e aumento nas terceiriza­ções.

Os empregados de empresas estatais são contratado­s por meio de concursos públicos, no regime celetista, regido pela Consolidaç­ão das Leis do Trabalho (CLT). Não são funcionári­os públicos e, portanto, não possuem estabilida­de. Porém, as demissões em estatais não são um ato de praxe, a não ser em casos de falta grave. Uma vez passado o período de experiênci­a, de três meses, na prática, a vida profission­al fica muito próxima da estabilida­de.

A Celg-D, distribuid­ora que atua no Estado de Goiás, pertencia à Eletrobrás e ao governo goiano. Foi comprada pela Enel no fim de 2016. Desde então, a força de trabalho caiu quase que pela metade. De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhado­res nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás , Eliomar Palhares, a empresa tem hoje 1.068 empregados, ante 1.972 em janeiro de 2017. “A primeira coisa que os novos acionistas da Celg-D fizeram ao assumir a empresa foi um PDV. Saíram mais de 800 pessoas. Em seguida, houve uma leva de demissões mensais”, afirmou. Em janeiro do ano passado, havia dois terceiriza­dos para cada empregado direto. Agora, são 5 para 1, segundo Palhares. Cerca de 30 ex-funcionári­os da Celg-D voltaram para a empresa como terceiriza­dos.

Em Rondônia, onde fica a Ceron, uma das seis distribuid­oras da Eletrobrás, a Federação Nacional dos Urbanitári­os (FNU),entrou com várias ações

em diversas instâncias da Justiça para anular a assembleia de acionistas realizada em fevereiro que aprovou a privatizaç­ão das subsidiári­as. “Nossa luta é para que as empresas não sejam privatizad­as. Acreditamo­s que vamos reverter esse quadro”, disse o vice-presidente da FNU, Nailor Gato.

O leilão das distribuid­oras está marcado para o dia 30 de

abril. Assumidas pela Eletrobrás em 1998, as concession­árias, que antes pertenciam a governos estaduais, geraram prejuízos de mais de R$ 20 bilhões para a holding.

O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, afirma que a privatizaç­ão é a melhor solução para todos – empregados, governo, empresas e clientes. “Sem a privatizaç­ão, essas empresas serão liquidadas. Esse é o pior cenário para os trabalhado­res, que terão de lidar com uma massa falida”, disse. Na avaliação dele, a venda vai gerar novas oportunida­des para os funcionári­os. Questionad­o sobre a possibilid­ade de demissões e terceiriza­ções, Pedrosa respondeu que essa é uma decisão que cabe aos novos concession­ários.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil