Fifa aprova uso do vídeo em decisão histórica no futebol
Entidade aceita utilização da tecnologia para auxiliar árbitros e Copa na Rússia poderá ter equipamento
Fifa e International Board (Ifab) romperam um tabu de décadas e oficializaram o uso da tecnologia no futebol, abrindo uma nova era e criando a possibilidade para a chegada de patrocinadores do setor de tecnologia. Mas, os cartolas admitem que o vídeo terá de melhorar para permitir que não haja confusão na mensagem aos torcedores ou no exame dos lances.
Depois de uma reunião ontem em Zurique, as duas entidades deram o sinal verde para que o vídeo seja implementado para auxiliar árbitros. “A partir de agora, o vídeo é parte do futebol e isso é muito importante. Debatemos por décadas e decidimos começar”, disse Gianni Infantino, presidente da Fifa.
“Analisamos os testes com cerca de 20 países e, no final, os resultados foram positivos e conclusivos. O VAR (sigla em inglês de árbitro assistente de vídeo)
é bom para o futebol e para a arbitragem. Traz mais justiça ao jogo”, insistiu. Segundo ele, a decisão de adotar a tecnologia na Copa do Mundo da Rússia será tomada em dez dias.
A definição sobre o vídeo não vem sem polêmicas. A Uefa insiste que a implementação é prematura
e que não a usará na Liga dos Campeões. O ex-presidente da Fifa Joseph Blatter também criticou a decisão, alegando que ela tinha o potencial de “desvirtuar” o futebol.
Para a nova administração da Fifa, no entanto, os estudos realizados em mais de mil jogos mostraram que o sistema funciona. A taxa de acerto de um juiz sobe de 93% para 98%. O número de cartões amarelos também cai. Na Itália, 134 punições a menos foram distribuídas em comparação ao ano anterior. “Os jogadores sabem agora que o Big Brother está olhando”, afirmou Infantino.
Ele ainda rejeita a tese de que a tecnologia atrapalha o ritmo de jogo. Em média, 55 segundos são perdidos em cada consulta de vídeo. Apenas para bater laterais, um jogo perde em média sete minutos. Com substituições, são mais de dois minutos.
Os estudos também revelam que, com a tecnologia, um erro grave é cometido a cada 19 jogos. Sem ela, a taxa era de um erro grave a cada três partidas. De acordo com David Elleray, representante da Ifab, o novo protocolo permite não apenas que uma jogada seja revista, mas que o árbitro seja alertado em caso de erro grave.
Todos os envolvidos na decisão admitem que a adoção da tecnologia será lenta. Haverá um processo de qualificação para que uma liga possa adotar a tecnologia e apenas aqueles dentro de um certo padrão poderão usar o mecanismo.
“Eu era contra a tecnologia e mudei de opinião depois de estudar os detalhes. Mas sei que precisamos acelerar a revisão de casos. Temos de melhorar a comunicação, não apenas aos árbitros, mas para os torcedores”, disse Infantino. Para ele, aqueles que usavam a arbitragem para justificar derrotas agora vão usar o VAR como desculpa. “Vamos ter uma Copa mais justa. Ela não pode ser decidida por um erro”, insistiu.
Outra medida que visa manter uma partida em nível elevado e não causar lesões desnecessárias foi a autorização para uma quarta substituição, que só poderá ser realizada durante a prorrogação de uma partida.