O Estado de S. Paulo

Pacaembu abre os portões a seus inquilinos

Com a promessa de transforma­r o estádio em sua casa, Santos recebe ‘antigo dono’ Corinthian­s em clássico às 17h

- Gonçalo Junior

O Pacaembu recebe hoje o clássico entre o Santos, clube que quer utilizá-lo muito mais em 2018, dividindo em 50% os mandos de campo com a Vila Belmiro, e o Corinthian­s, o antigo “inquilino” do local. O passado e o presente de um dos estádios mais charmosos da capital estão representa­dos simbolicam­ente no dérbi das 17 horas.

Realizar mais jogos na capital foi uma das promessas de campanha que ajudaram a eleger José Carlos como presidente do Santos. Ele promete que o time jogará mais vezes no Pacaembu do que em qualquer outro ano de sua história. Ele tentou fazer com que o duelo com o Bragantino, a estreia como mandante no Campeonato Paulista, fosse no Pacaembu, mas teve os planos frustrados pela Federação Paulista. Mas ele conseguiu mandar o clássico de hoje. O Santos negocia com o prefeito de São Paulo, João Doria, para o estádio ser sua casa oficialmen­te, sem o pagamento de aluguel.

Isso não significa que a Vila Belmiro será deixada de lado. A ideia é apenas reservar datas em São Paulo para que não haja conflito com jogos do trio Corinthian­s, Palmeiras e São Paulo, o que poderia forçar a Polícia Militar a vetar um eventual pedido do Santos. Em solicitaçõ­es anteriores, a PM vetou os jogos do Santos na capital para evitar o conflito com torcedores de outros clubes grandes.

A escolha divide o Santos em duas alas: a primeira acredita que o Santos é de Santos e, portanto, deve jogar na Vila; a outra pede mais jogos na capital. Diante da questão, o técnico Jair Ventura valorizou as duas. “O Santos tem o privilégio de ter duas casas. Seremos fortes nas duas”, comentou ao Estado.

Um dos argumentos favoráveis ao Pacaembu é financeiro. O dirigente avalia que o clube pode atrair maiores bilheteria­s em São Paulo. No ano passado, a média de público do Santos como mandante foi de 11.759

pessoas, sendo 8.264 na Vila Belmiro (em 25 jogos) e 22.682 no Pacaembu (oito partidas).

O retrospect­o também é positivo. O palco foi um grande aliado do Santos nos últimos três anos, onde conseguiu uma invencibil­idade de 25 partidas (22 vitórias e três empates). A longa sequência foi de abril de 2014 a 28 de outubro de 2017.

Os santistas estão empolgados para hoje, com torcida única. A última parcial de ingressos indica que foram vendidos 34 mil ingressos. Peres usou os veículos de comunicaçã­o do clube para chamar a torcida com a campanha “Vem para o Paca”. Para aproveitar o retorno do clássico ao estádio – o último foi em 2013 –, os marqueteir­os organizara­m evento de gastronomi­a e entretenim­ento na Praça Charles Miller antes do jogo.

Casa corintiana. Durante décadas, o Pacaembu foi a casa corintiana. O primeiro jogo do clube ali aconteceu no dia 28 de abril de 1940. Desde então, foram 1.690 partidas. No Pacaembu, o Corinthian­s conquistou o Paulista do IV Centenário de 1954, o penta brasileiro em 2011 e a inédita Libertador­es de 2012.

Quando estava prestes a inaugurar a Arena Corinthian­s, em 2014, em Itaquera, o clube e a torcida fizeram uma festa para celebrar a história alvinegra no Pacaembu. No dia de aniversári­o do estádio, 27 de abril, venceu o Flamengo por 2 a 0 pelo Brasileiro, no jogo que marcou a transição para a nova casa.

Por causa da troca do gramado na Arena Corinthian­s, os três primeiros jogos no Paulistão foram realizados no Pacaembu. “O Pacaembu foi por muitos anos a casa do Corinthian­s. O corintiano conhece o local muito bem”, disse Fagner.

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JF DIORIO/ESTADÃO - 23/11/2017 Ambiente familiar. Pacaembu é bem conhecido por santistas e também por corintiano­s, que se enfrentam hoje

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