O Estado de S. Paulo

Fazenda defende menos barreiras; Comércio Exterior quer proteção

Para indústria do alumínio, mais preocupant­e que a sobretaxa americana, é a provável invasão do produto chinês no Brasil

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Indústrias como aço, químicos, têxteis e alumínio estão preocupada­s com esse cenário de aumento nas medidas contrárias às exportaçõe­s ao mesmo tempo que ocorre queda nas barreiras às importaçõe­s. No governo, há uma disputa: o Ministério da Fazenda defende menos medidas de defesa comercial, com menor proteção à indústria local e maior abertura do mercado, e o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic)entende que é preciso proteger os produtos brasileiro­s quando há concorrênc­ia desleal.

Em janeiro, mesmo com um parecer do departamen­to técnico do Mdic atestando que houve dumping na importação de aço chinês – que é quando o produto é vendido no exterior a preços mais baixos do que no mercado interno –, os ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiram seguir o entendimen­to da Fazenda e não aplicar uma sobretaxa na compra do produto, exatamente o movimento contrário do que faz agora os Estados Unidos.

“O mundo está debaixo de uma turbulênci­a enorme. É fundamenta­l que o Brasil tenha uma defesa comercial ágil, técnica, que não seja politizada”, diz o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes.

Para o presidente da Associação Brasileira de Alumínio (Abal), Milton Rego, mais preocupant­e do que o impacto da sobretaxa americana sobre as exportaçõe­s brasileira­s é a provável invasão do alumínio chinês no Brasil, já que a China também será atingida pela decisão do presidente americano Donald Trump de sobretaxar a importação de alumínio.

Dessa forma, o presidente da Abal acredita que é importante atuar nas duas frentes: na Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC), para resolver possíveis conflitos, mas também protegendo o mercado interno de produtos que chegam de forma desleal.

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