O Estado de S. Paulo

Fã do Maverick compra cupê após espera de trinta anos

O empresário Marcelo Silva esperou três décadas até conseguir botar as mãos em um exemplar do Ford Maverick

- Thiago Lasco

O Ford Maverick foi a primeira arma de sedução do empresário Marcelo Silva. Na adolescênc­ia, era a bordo de um cupê preto com motor V8 que ele e um amigo três anos mais velho faziam aparições arrasadora­s em danceteria­s paulistana­s que marcaram os anos 80, como Toco e Overnight.

“Onde a gente chegava, chamava a atenção de todos”, ele recorda. “Peguei gosto pelo carro e meu amigo até quis que eu comprasse 50% dele, mas meus irmãos não deixaram. O modelo era malvisto, por causa do consumo elevado.”

Com o passar dos anos, vieram o casamento, o nascimento da filha e outras responsabi­lidades que deixavam o sonho de ter um exemplar do Ford cada vez mais distante. Só no início de 2015, com a situação financeira mais estabiliza­da, ele começou a pesquisar o mercado atrás de um Maverick em bom estado de conservaçã­o.

Com a ajuda de outro amigo, ele encontrou o exemplar Super Luxo desta reportagem, fabricado em 1977 e ainda nas mãos do primeiro dono. O Ford estava parcialmen­te desmontado, em processo de restauraçã­o, mas já com um novo motor V6 instalado. O único problema: não estava à venda.

“Eu e meu amigo ficamos tão impression­ados com o bom estado do Maverick que resolvemos insistir para comprá-lo. Depois de quatro meses, acabamos vencendo o proprietár­io pelo cansaço”, diz.

A restauraçã­o do cupê prosseguiu na oficina de um mecânico da confiança de Silva. Parte elétrica, pintura e tapeçaria foram refeitas. Depois, o novo dono acrescento­u seu toque pessoal: grandes rodas esportivas e faixas laterais com a inscrição “SMS 14”.

São as iniciais de Sandra, Marcelo e Sandrinha, com as quais ele homenageou a esposa e a filha, e uma alusão ao dia em que ele nasceu. “Por coincidênc­ia, recebi o carro pronto justamente no dia 14 de abril de 2017. Foi um belo presente pelo meus 46 anos”, ele conta.

O interesse pelo Ford, aliás, acabou contagiand­o as mulheres da casa. “No começo, minha esposa não apoiou a compra do carro, mas hoje até cogita adquirir um exemplar. Ela e minha filha inclusive levaram meu Maverick a um encontro de antigos enquanto eu estava viajando”, empolga-se o empresário.

Ronco. Passeios pelo bairro da Mooca e escapadas para um café da manhã reforçado em Guararema, no interior paulista, são as principais atividades que Silva faz com o cupê.

“Eu queria um carro antigão, mas com algumas modernidad­es, como ar-condiciona­do e injeção eletrônica. Instalei um escapament­o bem legal, o ronco dele me fascina”, conta.

Antes de receber a peça nova, o Maverick era tão barulhento que foi parado por uma viatura da polícia. Silva já se preparava para o pior, certo de que iria levar uma multa, mas o policial queria apenas entrar na cabine e fotografar o Ford. “Achei aquilo o máximo!”

Para o futuro, o Ford de Silva já está predestina­do a cumprir uma missão pra lá de especial. “Quando eu casar a minha filha, que ainda é solteira, ela chegará à igreja de Maverick.”

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FOTOS: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO
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Ao gosto do dono. Maverick de Silva tem rodas esportivas e um adesivo com as iniciais dos nomes dele, da esposa e da filha

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