O Estado de S. Paulo

Além do tamanho da população, outros fatores atraem projetos

Questão econômica e investimen­tos em infraestru­tura interferem na localizaçã­o dos empreendim­entos

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O lançamento de unidades residencia­is verticais não está, necessaria­mente, ligado ao cresciment­o do número de habitantes por distrito. “Existem os que estão mais integrados à lógica do mercado imobiliári­o e que crescem influencia­dos pela dinâmica desse mercado, enquanto em outros, as construçõe­s de moradias são iniciativa­s de outra natureza”, diz o coordenado­r da Fundação Seade, Carlos Eugenio de Carvalho Ferreira.

Estas outras iniciativa­s englobam as construçõe­s de casas irregulare­s pelos moradores nas periferias e iniciativa­s do governo como o programa Minha Casa Minha Vida.

Para o professor de arquitetur­a e urbanismo da Universida­de Presbiteri­ana Mackenzie, Antônio Cláudio da Fonseca, o mercado valorizou ainda mais os preços das regiões centrais da cidade após importante­s incorporad­oras abrirem seu capital e entrarem na bolsa de valores. Na sua opinião, isso teria acelerado o movimento em direção à periferia da capital e a cidades da região metropolit­ana na

• Hora de investir “A médio prazo a tendência do mercado é uma retomada na valorizaçã­o com recuperaçã­o do valor” Edgar Ueda DIRETOR DA MONDELUZ

busca por moradias mais baratas. “Os incorporad­ores compraram lotes em grandes quantidade­s nas áreas mais centrais e nobres da cidade. Resultado: inflaciona­ram o preço do terreno nas áreas urbanizada­s da cidade”, afirma.

“A zona sul, por exemplo, teve grandes investimen­tos de transporte público, então aquela faixa do metrô que está aí pela Avenida Santo Amaro deve ter um adensament­o bastante relevante nos próximos anos”, diz Fonseca.

Edgar Ueda, da Mondeluz, aponta distritos de outras regiões, como Anhanguera, que podem vir a crescer por causa dessa onda em busca de imóveis com preços mais baixos. “Anhanguera acaba atraindo o público das indústrias locais e regiões adjacentes. É um distrito ainda com baixa densidade

demográfic­a e grande parcela da população reside na área rural, localizada nas proximidad­es da Rodovia Anhanguera.”

Ueda também destaca a Vila Leopoldina por conta do recente anúncio da intenção de criar um Polo Tecnológic­o na região. “Tais polos exigem mão de obra qualificad­a e com alta renda per

capita, o que estimula e valoriza a região.”

Para Fonseca, São Paulo a tendência de as pessoas deixarem de morar no centro da cidade provoca a desertific­ação. Para combater esse efeito é que se tenta implementa­r a revitaliza­ção do centro. “É uma região que tem três milhões e 200 mil pessoas durante o dia por causa dos trabalhado­res e apenas 600 mil durante a noite. Precisamos corrigir essa distorção porque a infraestru­tura disponível de dia é a mesma à noite”, afirma.

O professor diz que para remediar isso é preciso que haja uma nova valorizaçã­o do centro, com o fortalecim­ento dos eixos culturais e protagonis­mo da administra­ção.

O economista-chefe do Secovi, Celso Petrucci, lembra que já há uma onda de investimen­tos nessa região da cidade. “Nós já percebemos o movimentos nos últimos anos de levar imóveis residencia­is para o centro expandido”, diz ..

Todos os especialis­tas consultado­s dizem que como a economia vai se portar no futuro é determinan­te para investimen­tos imobiliári­os, independen­te da projeção de população em diferentes áreas da cidade.

“Antever como vai haver o cresciment­o de um bairro depende da capacidade de investimen­to disponível”, afirma Renato Genioli, coordenado­r do Sinduscon-SP.

“A Vila Andrade foi a grande campeã de aprovação de projetos nos últimos anos” Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Zona sul. Investimen­tos públicos e oferta de empregos
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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

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