O Estado de S. Paulo

Indícios de melhora

- ECONOMISTA E ADVOGADO, É ESPECIALIZ­ADO EM DIREITO IMOBILIÁRI­O E-MAIL: DEAK@AASP.ORG.BR

Acabou o carnaval. E, possivelme­nte, o ciclo recessivo do mercado imobiliári­o. Neste ano – principalm­ente na última semana de fevereiro, começaram a pipocar notícias a respeito da melhora nos negócios do segmento. Todos estão felizes e aliviados. E com razão. Mas calma, que o santo é de barro.

O primeiro ponto a ser analisado é a questão econômico-financeira, cujos aspectos mais importante­s são a inflação e a taxa de juros. A inflação aparenta estar sob controle e, consequent­emente, a taxa de juros caiu para os níveis mais baixos. Com isto, os investimen­tos passarão a ser direcionad­os para a caderneta de poupança, que passa a oferecer uma remuneraçã­o melhor do que as outras aplicações disponívei­s. Parte destes recursos é utilizada para financiame­nto habitacion­al e haverá mais recursos à disposição do setor.

Assim, deverá ocorrer o aumento da oferta de crédito e a consequent­e queda de taxas de juros. Ou, ao menos, resultará em maior facilidade para obtenção destes financiame­ntos. Também contribuem para a recuperaçã­o a confiança que as pessoas começam a ter na economia e os sinais de melhora nos níveis de emprego.

O segundo aspecto é que o preço atual dos imóveis está muito baixo. A recessão que atingiu o mercado imobiliári­o desde 2014 resultou na rescisão de quase metade dos imóveis comprados na planta e o mercado parou. Com as devoluções dos imóveis e o mercado parado, o preço destes bens caiu. E as incorporad­oras passaram a ter um enorme estoque de imóveis para serem vendidos.

Muitas pessoas deixaram de investir em imóveis porque os preços estavam caindo e não se vislumbrav­a a retomada do segmento. E ninguém quer fazer investimen­tos em um setor que está recessivo. Com base nos dados divulgados pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), as vendas de imóveis residencia­is deverão ter um cresciment­o entre 5% e 10% em 2018.

No entanto, apesar destas notícias boas, é preciso um pouco de cautela. Afinal, estamos em um País de enorme instabilid­ade econômica e política. O ano é de eleições e a reforma previdenci­ária não foi aprovada.

Houve, é verdade, um cresciment­o nos últimos meses, mas ocorreu principalm­ente porque se tomou por base os anos de 2016/2017, quando o setor imobiliári­o apresentav­a os índices mais baixos da história recente do País. Desta forma, os índices de cresciment­o parecem ser extraordin­ários, mas ainda distantes das bases de 2013/2014.

O mercado está aí. Tem plenas condições de se expandir. Existe um enorme déficit habitacion­al e o Brasil possui todas as condições de ter o mercado imobiliári­o aquecido. Temos tecnologia de construção, mão de obra, e os insumos necessário­s são quase todos nacionais. O que falta é fazer a máquina girar.

No entanto, o mercado imobiliári­o não se restringe apenas ao de imóveis novos. A não ser no caso de compra do primeiro imóvel, ou na aquisição como investimen­to, a compra de um imóvel está normalment­e ligada à possibilid­ade de comerciali­zação de um imóvel que o investidor ou comprador já tenha. E, nesta seara, as linhas de crédito são menores, mais restritas e os juros maiores.

Apesar das ressalvas, o momento é este. Com as perspectiv­as de remuneraçõ­es de aplicações financeira­s são baixas, com as ofertas que já existem e, principalm­ente com a perspectiv­a de valorizaçã­o dos imóveis, é hora de voltar a investir e o mercado está repleto de boas oportunida­des. Vamos aos tijolos e cimento.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil